sexta-feira, 22 de março de 2013

Desentendimento íntimo


Para mim Freud antes de morrer, deixou uma máxima que explica intimamente o ser humano. Perguntando por um de seus discipulos - Mestre, o que é para o senhor ser normal?

-Freud respondeu: Normal é a pessoa que sabe fazer duas coisas, e as faz bem: Trabalhar e Amar. 

Queria muito entender o motivo em que as pessoas não sorriem para outras pessoas desconhecidas. Penso ser um gesto tao minoritário frente a tantos comportamentos mais íntimos...Deve ser por isso que os "suicidas" vão a orgasmos, quando encontram no elevador outro ser humano e estes permanecem em silêncio...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Muito barulho por nada :/


D.E.T.E.S.T.O essas pessoas que vivem reclamando de seus empregos e de seus relacionamentos. Por isso que o meu é sempre PAPO RETO!

Se ate o PAPA abandonou o emprego, por que você reclama tanto do seu???

Eu sei, as pessoas são realmente programas complexos rodando sobre hardware do cérebro. Se meu marido possui um monte de circuitos dentro de si, por que isso deveria importar? Ele ainda seria um expert em calculo, saberia calcular as gorjetas, corrigir meu inglês e comprar passagens de avião baratas e seus olhos castanhos claros ainda se iluminariam todas as vezes que eu demonstrasse carinho expressivo por ele.

Dessa vez, quero responder sobre a "piadez" de ter ouvido: Você já passou por uma crise de identidade?

-Respondo: Minha crise de identidade esta passando por uma crise de identidade.

Papo pra quem não tem vivencias, certamente. Reprodução da moda, das superficiais, isso sim!

Identidade é, na verdade, um problema para todos dos tipos de coisas. Por exemplo, o seu corpo é idêntico às moléculas que os compõe? O seu estado mental é idêntico ao estado do seu cérebro? O Deus do Velho Testamento é idêntico ao do Novo Testamento? (meu amigo Jesus Apócrifo sumido dos blog saberia me responder).

Sou a novata em minha nova morada, fui colocada em apresentação formal a minha nova turma de estudos, e a professora queria conhecer a todos e ficava perguntando o nome, o que faz e do que gosta. Vamos...

Quem é você? - me pergunta...Eu sou eu mesma, mas não sou sempre a mesma. (meu bordão)

Nem quero comentar o que virou o comentário, daria um novo post. Comprometo-me a explicar se alguém conseguir entender, já que sou rotulada a loucura. Coitada da loucura, sempre acusada injustamente por nós.

Enfim, uma estatua é idêntica ao barro no qual ela é feita? Bem, a estatua é feita por um artista, o barro de  processos geológicos. Quando a venda, dependendo do artista, é vendida por preços milionários, já o barro  em si não é. De alguma maneira eles não são idênticos!

E pense na versão de si mesmo alguns momentos atras. Há algo verdadeiro de você agora que não é verdade do seu eu anterior, exemplo: Minha consciência do meu problema de identidade. Então, o segundo não é a  mesma pessoa que o primeiro. Na verdade, a cada instante você fica mais velho, mas cada seguinte é de uma idade diferente do que cada você anterior, por isso, não pode ser considerada a mesma pessoa.

Resumindo, se é que consegui me fazer entender (isso tb  não importa mais), a cada instante uma pessoa desaparece e surge outra.

Então, quem é você, exatamente?

Caras, minha humanidade não consiste em sentir junto com a pessoa como ela é, mas sim em suportar o fato de senti-la.


FOTO DO INTERIOR DO MUSEU THÉO BRANDÃO, ONDE ESTIVE EM VISITA DOMINGO PASSADO.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Adônis na alma


Recebi este grande presente, uma revelação surpreendente para mim!
OBRIGADA C.G ..Via Gamboa rsrsrs

Adônis
No registro de nascimento constava como filho de pai desconhecido e sobre sua origem paterna sempre pairou certo mistério.
Já era quase adulto quando descobriu ser fruto de uma espécie de incesto.  Sua mãe, ao perder o pai na adolescência, havia tido uma relação com o padrasto , o novo marido da mãe, sua avó.  
Era filho do homem que até então ele chamava de Avô.                              
Na mesma ocasião ficou sabendo, também, que o médico que o havia trazido ao mundo, amante da mitologia grega e conhecendo sua história, sugeriu à mãe que lhe desse o nome de Adônis.
Uma pessoa reservada, de poucas palavras.   O necessário, somente o necessário diz ele, até hoje.                                                             
Foi assim desde criança, não obstante  sua mãe tivesse feito o possível e o impossível  para que ele se tornasse uma criança “normal”, igual às outras. 
Interpelado, pela mãe e pelos professores, a todos surpreendeu, sempre, com a mesma resposta: “eu prefiro escutar o silêncio”.
A natureza privilegiou Adônis com um corpo atlético, um tipo de beleza serena, quase perfeita, que lhe confere um porte altivo, orgulhoso e uma nobreza natural, que o faz merecedor do nome que tem. Traços esses dos quais se utiliza para camuflar ou disfarçar, mais que uma natureza frágil, uma sensibilidade fora do comum.  Muitas vezes, por sentir a nítida sensação de não caber em nenhum compartimento pré-determinado, não vê outra alternativa a não ser a do isolamento.                                                                                     
Mais do que um estranho no ninho, Adônis sente-se, muitas vezes, um estranho no mundo.
 Com o tempo, revelou-se um expert em silêncios. Conhece todos os tipos: os silêncios de agora, os silêncios de outros tempos, os silêncios de outros lugares, os silêncios dentro do silêncio.
Evita e não aprova qualquer silêncio imposto pelo medo. Por exemplo, o silêncio construído em cima de palavras não ditas, que ele conhece muito bem, porque é muito comum, principalmente, nas relações familiares e que com o passar dos anos, como que se revestindo de camadas sobre camadas de um material transparente, permanece ali, a vista de todos, congelado, cristalizado, para sempre, resultando num tipo de desconforto crônico.
Aprecia muito, o silêncio singular, que pontua a expectativa que precede o início de um espetáculo cênico.  Normalmente, de imediato ao último sinal, apaga-se a luz da platéia; então o som morre, dando lugar ao silêncio absoluto, até o momento em que o palco se ilumina, ao mesmo tempo em que o som renasce em forma de musica ou através da voz humana.                                                                                                                     Ele entende que é justamente nesse pequeno intermezzo, entre o último sinal e o início do espetáculo, quando o silencio então se torna soberano, que se abre o espaço para a magia da comunhão plena e perfeita, entre palco e  platéia.

O silêncio da mata, da montanha, o silêncio dos antigos cemitérios à beira da estrada, o silêncio dos lugares ermos, das taperas, das casas velhas vazias, abandonadas, o silêncio denso do deserto, onde  esteve uma única vez, o silêncio do templos religiosos, das ruínas, esses são os preferidos de Adônis e onde ele costuma recarregar suas baterias.

Além de grande amante dos silêncios , foi desenvolvendo, naturalmente, também, um talento especial para descobrir, em lugares absolutamente isolados e silenciosos, o ambiente ideal para alguns prazeres secretos e solitários.
Como aquele parque de dunas, um pequeno deserto, entre a montanha e o mar, que ele consegue ver da janela do seu quarto, no alto do morro.  É um dos seus lugares prediletos e que no outono, sobretudo nas noites de lua nova, quando o céu é todo estrelado, lhe proporciona, como que em dois atos, momentos de raro prazer. Um dos seus prazeres solitários e secretos.

Normalmente no mês de maio, após as chuvas de março e abril, formam-se entre as dunas, pequenas  mas profundas lagoas, limpas, cristalinas, de água da chuva.

Adônis desce o morro ao entardecer, chegando num horário em que de hábito ninguém mais passa por lá. O sol se pondo atrás das montanhas cobertas pela mata, em oposição ao mar, oferece um espetáculo outonal de luz e cor púrpura de rara beleza, ao qual o espectador assíduo, andando pelas dunas até anoitecer por inteiro, assiste sempre embasbacado, como fosse a primeira vez.

A noite, ao descer lenta, faz o tempo perfeito entre os dois atos.
Então a brisa, como uma escultora invisível, tocando levemente a areia, levanta uma tênue poeira que, tocada pelo azul noturno, torna-se aveludada, fosforescente, quase prata, dando início, assim, ao segundo ato.
De tão silenciosa, a paisagem é quase lunar e as e pequenas lagoas, como num passe de mágica, transformam-se em gigantescos cacos de espelhos, de formas variadas, e salpicados de estrelas , espalhados entre as dunas.                       

Adônis, como de costume, sobe o cômoro mais alto, que forma a lagoa maior , mais profunda e prepara-se para um instante quase de oração, despindo-se , lentamente, inclusive, da condição humana.  
Em seguida e totalmente nu, sentindo um leve arrepio pelo corpo todo e já com a respiração alterada, é  invadido pela sensação do prazer pleno e sensual, que precede o  momento de  gozo e  ao ganhar asas,  lança-se  no espaço, num mergulho-vôo,  quase cego, que de  tão perfeito, ao penetrar e fecundar a água, produz um ruído mínimo, igual ao do peixe voador  ou de uma lança.  
Ao vir à tona, extasiado, tem a nítida sensação de estar se banhando em retalhos de firmamento que, ao desprenderem-se da abóbada celeste, em estado líquido, colaram-se ao chão. 
A temperatura dentro da água é tépida, uterina.
E ele gosta de ficar lá...                                                                                
                                             ... Para sempre!