quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ético x Aético

Acostumamo-nos a um profundo nível de ilegalidade em nossas vidas e arredores. Olhe em torno de si e tente identificar o que é legal. A minha casa não tem o habite-se. O restaurante onde você almoça talvez não tenha licença sanitária e não dê nota fiscal. Será que o peixe que você comeu foi capturado de forma legal? O funcionário da mercearia que você freqüenta tem carteira assinada? Recebe um extra por fora? A casa do vizinho, ele confessa abertamente que rouba, tv a cabo, luz e não paga os vigilantes.

Se formos ao interior do Amazonas, a situação é ainda mais complicada. Desde as prefeituras com dívidas frente ao INSS até os mercados e lojas sem CNPJ e cidadãos sem certidão de nascimento ou CPF. Os aeroportos e portos em muitos casos não atendem às normas nacionais. Vive-se uma situação de fantasmagórica inexistência. Há dois motivos principais para esta situação: 1) leis que foram escritas muitas vezes em gabinetes em Brasília de forma incompatível com a realidade e 2) a aceitação por parte de amazonenses de ilegalidades como práticas normais, mesmo quando as leis são adequadas. Carros sem placas, empregas, arrumadeiras, diaristas, nenhuma delas quer ter carteira assinada para não pagar imposto. E ai? Se não for, não tem esse tipo de serviço. Sem contar que ô povo pra ser preguiçoso!

O que não se pode permitir é que leis tornem povos inteiros criminosos, simplesmente para aplacar consciências culpadas de outrem.

Agora o Governo quer mudar a nomeclatura de "Hotel de Selva", para "Hotel de Floresta"...Por que?

Primeiro porque vai se gastar muito dinheiro dos contribuintes...vero!


Segundo, não querem limitar apenas aos clientes que procuram a selva de forma “selvagem”, mas também recebendo os clientes que procuram a natureza em si sem procurar a parte “selvagem”.

TU JURA??

Vivo numa faca de dois cumes. Ser ético te promove a chatice, ser desonesto te promove a culpa. E sua culpa, onde está??

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Por / Osvaldo Montenegro


Hoje morreu Peter Pan
Não se sabe do que foi
Vitiligo ou pressa vã
De voltar ao que já foi
Tinha voz de uma criança
Com o sexo de um senhor
Era Deus dançando a dança
De um diabo sedutor
Dizem que não tinha cor
Transparente como a luz
Só queria ser sem dor
Como um Cristo sem a cruz
Peter Pan morreu de moço
Que de velho morre o Gancho
Um jantar antes do almoço
Fez o quadro e eu não desmancho
Tanta gente quer crescer
Mas a fome diz que não
Peter Pan quis inverter
Como sabem, foi em vão
Pinga a chuva arroxeada
De outro príncipe Xamã
Uma antena angustiada
Busca a antena quase irmã
Peter Pan tava famoso
Fez o mundo de quintal
Era triste, desgostoso
Como um Buda no Natal
Era solto e deslocado
Como o barco sem a vela
Coração enclausurado
Era casa sem janela
Se era rei ou se era triste
Eu não sei, sabe ninguém
Ninguém sabe o que existe
Entre o mal, o nada e o bem
Se gostava de criança
E criança é o que ele era
Inventou uma mudança
E mudança a vida gera
Ninguém sabe e todo mundo
Diz que sabe o que não sabe
Diz que o raso é que é profundo
Diz que guarda o que não cabe
Peter Pan morreu de dia
Libertado de um açoite
Que ele mesmo (quem diria)
Punha no seu ombro à noite
Tão humanos são os loucos
Tão divinos os normais
Tão agudos são os roucos
Tão sensíveis os mentais
Só nos resta a madrugada
Com promessas de manhã
Pois a ele resta nada
Acabou-se o Peter Pan
Fica só um jeito torto
Que encantava a todos nós
Michael Jackson ta morto
Está viva a sua voz
Na criança da favela
Que hoje pensa que amanhã
Vai ser nau de caravela
Como foi o Peter Pan
Alguns dizem que era virgem
Outros que era marciano
Que sofria de vertigem
Cá pra nos, ele era humano

http://bloglog.globo.com/oswaldomontenegro

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Achei minha descrição

"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." (Arthur Schopenhauer)

Em resposta ao 'amigo' FERNANDO, que me chamou de lady doida vira-lata, ou como sempre, Orfanato dos gatos da Julie...

domingo, 28 de junho de 2009

Eu não quis dizer, foi segredo

Um dia desses tive um ódio muito forte, coisa que eu nunca me permiti: era mais uma necessidade de ódio. Me dirigi ao jardim de casa e fiquei olhando alguns bichos: formigas, pássaros, minha cadela e ate mesmo uma lacraia apareceu.
Oras, logo eu que sou resignada a amar, perdoar. Precisei ao menos tocar o ódio de que é feito meu perdão.
Queria sentir em cheiro meu próprio ódio, mas...Existe cheiro no ódio? Existe ódio e cheiro?
E o ritmo de vida é o mesmo, os dias são diferentes, as cores e céus diferentes. Ainda bem, não sou normal nem igual.
De que serve essa explicação, afinal?
Como quem quer, como quem não quer, aceita, recusa, mas aceita. Justificando também, que há a 'hora do lixo', e que este, é um mundo cão.

A dor é desigual e, realmente fica um instante suspensa, tão doces são as cores, tão sem selvageria, tão belo é o lugar com mar, arvores, montanha.
Há coisas bonitas em excesso, eu parece que não tenho tempo ou força, o fato é que eu ficaria calma com uma. Calma no Timburaso (2 maior vulcão ativo no Ecuador)...Minha proxima conquista.



sexta-feira, 19 de junho de 2009

Encarnação involuntária

Estou indo (se algo não der errado antes) para fazer a trilha dos Incas durante sete dias, caminhando, subindo e descendo. Isso é o o que me deixa feliz, e a sensação do antes me deixa também.
Estávamos amadurecendo a ideia de ir de carro com um grupinho de amigos e foi ai que começou o bate-boca do casal: Eu não vou se antes você não for comigo à Europa!!

-Eu não vou em porra nenhuma de Europa, eu vou com ela para o Peru!

-Epa! Comigo não, com todos nós - Me defendi logo.

A situação continuou, mudou o foco do objetivo e se perdeu pelas roupas sujas...

Ok, por que escrevo isso?

É tão complicado de eu entender o por quê é tão, tão difícil ter amizades masculinas sem que aja ciumes por parte das companheiras.

Eles se fitavam profundamente. E mais um instante e o sonho seria suspenso, cedendo à gravidade que se pediam.
Mas, peraí. Esse sonho também é meu! Cessa à vocês, eu irei (se algo não der errado antes).

Ela com sua infância impossível, o centro da imaturidade e mimo. Que se quebraria somente quando ela fosse uma mulher.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estavam eles, ambos se olhavam, irados.

Todos os problemas ja haviam sidos tocados, todas as possibilidades estudadas. E minha solidão na volta para casa era grande e árida. Cheguei em casa e fui ler para não me lembrar deles.

No fundo, você cria uma expectativa em torno de um projeto e se vê perdendo para os sentimentos mais primitivos do homem. Ciúmes de algo que não existe na minha ideia, nem na dele. Aquele sentimento que "ela" não assume, mas arruma um pretexto para dificultar e ocultar o próprio sentimento de sua imaturidade.

Bem, o mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos.
O que não basta para encher os dias, nem as ferias futuras.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Você meio doida?


Acho engraçado as pessoas que dizem: Julie, você é louca! Algumas, como minha filha primogénita, eu acato e silencio por se tratar de uma adolescente. Os demais "não podem negar desconhecimento da lei".
Sou espontânea e alegre. Incomodo alguns que somente vive, não existe- Plutarco. O defeito não foi meu, foi de quem me entregava livros para ler e me instruir, lamentável pois, odeio ascender a inveja em outrem.
Estava lendo a Barsa, procurando um tema para meu filho e fiquei lendo a história de Dale Carnegie, o decano papa da auto-ajuda: "Qualquer louco pode criticar, condenar e reclamar, e a maioria dos loucos o faz." A pergunta é: Compensa fazer isso? Provavelmente não!
Porém, ate para criticar, condenar e reclamar, deve-se ser comedido e sábio. Vou deixar umas dicas:

Critica: Tem de ser construtiva, focalizar o comportamento e não a pessoa; deve ser feita em particular, com palavras suaves e respeito à sensibilidade do outro, verdadeira e bem- intencionada.

Condenação: Deve enfocar o comportamento não ético da pessoa, dar oportunidade de defesa, oferecer saída para a pessoa redimir-se.

Reclamar: Sobre os tópicos certos, quando houver realmente um motivo, com a pessoa certa e com o tom certo, feitas com suavidades e sem culpa.

E quem tiver esses cuidados vai parecer doido. Porque a maioria, chora, grita e o problema não se extingui.

E por eu agir assim, sou louca? Meio doida ou maluca?

Eu preciso apenas de um pouco de atenção, uma calmaria para que os ventos soprem e tudo tenha uma suavidade como a brisa do vento esfriando o rosto numa tarde ensolarada.

E você?



quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ainda dissem que não são civilizados...

Antigamente, o abrigo da Funai ficava próximo da minha antiga casa. Não sei se ainda é lá, enfim, deixarei aqui um exemplo de analogia que ouvi, aprendi e me motiva cada vez mais a compreender e não somente entender o "outro". Estive de volta à cena de 4 anos atrás...

Quando trabalhava no Governo participei da comitiva que recepcionou um grupo de indígenas da região. Achava aquele povo vestido e pintado muito estranho. Uns pegavam em meu cabelo e riam, outros puxavam a alça do meu minúsculo soutien, outro enfiou o dedo no meu nariz, espirrei pacas e eles só riam de mim.

A comitiva os levou em alguns pontos turístico daqui, primeiro foi no mercado Municipal onde tem comida pra todo lado. Eles estavam pasmos com tanto alface, tomate, laranja. Lembro dos olhos deles latentes em minha memoria, olhavam como se fossemos nós entrando num cofre cheio de dinheiro, assustados com tanta fartura.
Um deles perguntou de mim: O que ele está fazendo?
-Apontando ao chão um menino negro, pobre (nós sabíamos pelas roupas que era pobre, eles não saberiam distinguir) pegando tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho.
Para nós, isso seria normal. Respondi a ele: -, ele está pegando comida!

Eles continuaram andando conosco, calados, atentos, os olhos arregalados.
E eu, prestando muita atenção naqueles seres estranhos*
Uns 15 minutos se passaram...O índio disse: Eu não entendi. Por que ele está pegando essa comida estraga aqui do chão, e se tem uma pilha de comida boa?
Respondi: é que para pegar comida boa precisa de dinheiro.
-E ele não tem dinheiro?
-Não tem.
-Por que não tem dinheiro?
-Ele não tem dinheiro porque ele é criança.
-E o Pai dele tem?
-Não, o Pai dele não tem.
-Não entendi. Por que você que é grande, tem e o Pai dele, que é grande, não tem? De qual pilha você come, dessa aqui ou a do chão?
-Dessa aqui.
-Por que?
-Sabe o que é? É que aqui é assim...

Os caciques falaram uma coisa que eu nunca esquecerei: Vamos embora. Disse o cacique.
Não, eles pediram foi para ir embora da cidade, do mercado, da vida junto do branco. Veja como são selvagens.
Eles não conseguiram compreender uma coisa tão óbvia. Que uma criança faminta diante de uma pilha de comida boa, pega comida podre.
"Eles não são civilizados"-diríamos

Sabe como eles passariam batido e nem repararia na cena?

Se tivessem sido criados em algumas das nossas famílias, se tivessem ido em igrejas, frequentado algumas das escolas que frequentei, se tivessem acesso a net. Ai eles achariam aquela cena normal.
O que está acontecendo? Será que nos distraimos em algum momento e a nossa ética não é a da convivência, mas a do outro como inimigo? "Ah, mas aqui é assim." Violência? Aqui é assim. Eu já fui assaltada e agora tenho duas bolsas, a minha e a do ladrão. A minha fica embaixo do banco. Eu uso carro blindado, etc...Claro, a gente vai criando meios de nos acostumarmos ao "normal. Normal? Estamos anestesiados.

Ah Deus, como queria ter vindo árvore.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Como uma pedra

Um amigo visitou minha casa no domingo e perguntou: "Tem algum motivo especial para você ter tantas pedras em casa?

-Bem, essa última é do Cotopaxi, o maior vulcão ativo no mundo, trouxe na semana santa do ecuador, tive problemas na alfandega internacional mas a trouxe comigo. Paguei caro por ela em Guaiaquil, mas sentido teve para estar aqui. Sei que não estou conseguindo explicar minha ternura por elas. Sei que a letra dessa musica me revelaria.
Um corpo sem vida é uma pedra. E eu, preciso delas para me sentir Viva.


Em uma tarde monótona*
Em uma quarto cheio de vazio
De maneira livre eu confesso
Que estava perdido nas páginas de um livro cheio de morte
Lendo como morreremos sozinhos
E se somos bons nos deitaremos para descansar em qualquer lugar que queiramos ir
Em sua casa ficarei longamente
Quarto por quarto pacientemente
Vou esperar por você lá como uma pedra
Vou esperar por você lá Sozinha
Em meu leito de morte eu vou rezar aos deuses e aos anjos como um pagão para qualquer um que me levará para o paraíso para um lugar do qual me lembro
Eu estive lá há tanto tempo. O céu estava arroxeado. O vinho era como sangue
E lá você me conduziu
E eu continuei lendo até que o dia tivesse terminado. E me sentei em remorso por todas as coisas que fiz, por todas que abençoei, e por todas que errei.
Em sonhos até minha morte vou vagar

* A tradução correta de "cobweb" é "teia de aranha"; mas por questão de interpretação traduzi este termo como "monótona".

terça-feira, 19 de maio de 2009

As flores do meu jardim são feias...

Depois de ouvir de todos os lados...
Fiquei com aquela indagação inicial: Qual é a minha missão aqui na terra?
É ser reconhecida? Aprender a aprender? Saber o significado da minha poiesis? Saber o significado entre erro e negligencia? Saber que não sei? Ser humilde? Saber aproveitar as oportunidades? Saber o tamanho que tenho dentro do planeta? Enfrentar o medo da mudança? Saber o que a satisfação faz comigo? Saber a velocidade das mudanças? Combater o bom combate?
Confesso que não cheguei a uma conclusão definitiva. Talvez nunca chegarei.
Ao ser questionada quanto minha parcialidade
– Eu ouvira sua voz com a sintonia dos timbres, eu não ouvira as palavras conclusas, concisas. Só o timbre como as névoas do oceano. Lembrei-me das “Brumas de Avalon”-
Minha carência profunda é mais a necessidade urgente de vida do que a realização de uma missão na terra, mais do que um fardo que se carrega no dia-a-dia. Ah, esses traços do “dia-a-dia” foram retirados?
Então...a questão central é como você faz um pacto com sua família para que perceba que você esta oferecendo a eles uma condição absolutamente privilegiada de vida, com condições materiais, alto consumo et cetera.
Mas isto lhe esta matando, infelicitando-lhe, amargurando-lhe. O foda é que ninguém pergunta o que espero da vida. Só me cobram. Lógico que preciso de vocês para ter um pouco mais de vida. Deixe-me com minhas roupas loucas, minha aparência humilde, meu estilo próprio. Apenas um blush do Boticário já me basta. Eu sou uma vida concomitante mesmo. Visto-me, conforme meu espírito. Não espero elogios dos desconhecidos. É necessário que não esqueçam a distinção entre o que urgente e o que é realmente importante. E sou como a massa do pão: mais bate, mais cresce.
Meus amores proponho um basta a essas pequenas coisas, antes que a natureza me dê. Via saúde, por exemplo, ou via loucura. Alias, depois da catequese, minha filha esqueceu o caderno no computador, estava escrito: “De nada adianta a um homem ganhar o mundo se ele perder sua alma” (Mt 16,24).
Minha alma é Franciscana, deixem-me.
PS: Matriculada na escola de artesanato Coisytas...estou aprendendo cada coisa linda. Feliz!
Mas, para boa parte da escala do "sero umano", eu estar fazendo isso diminui meu status...VsF...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A simplicidade de amar é grátis, é bônus, é brinde.

Não é sentimento de pele, de tesão, de tocar, mas os corações se tocam. Basta lembrar um do outro.
Deve-se estranhar a aparição muda e diária em sua pagina do orkut. No MSN houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas e, achava-se cada vez mais estranho o fato de não está entendendo. Ate que essa boa mãe entendeu.
O amor é algo que transcende mesmo. Sem explicações, sem a tormenta loucura de querer elucidá-lo.
Mas, não ficou simplesmente nisso. Olhando bem em meus olhos, a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava a ver a esperança em olhos desconhecidos. Sabendo que o amor desconhecido me fez caminhar naquilo que não sou, mais estou.
Às vezes aceito: Como se quem me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo?
O dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira.
Só isso...Durou alguns minutos, esta durando a eternidade.
Assim como, ao ganhar uma música do amigo Marco Mência a dois anos atrás (nem ele lembra disso), via MSN, tomando vinho sozinha. Eu amara um amigo. Isso é amor. Qual tipo? Não classifico, não têm nada de carnal, sexo, desejo. É amor, é o que sinto.
Uns devem ler e pensar: Carência, carente, coitada... Somente o interior do pensamento sente.
Eu amo tanto a simplicidade. Me é tão cara e melhor de tudo.
Ganhei ontem uma pasta do Kid Abelha (via MSN). O dono? O presente? De um mineiro, radicado na Bahia, metamorfose como Eu. Amo.
Como posso amar sem ver, sem tocar?
Onde fica longe o lugar do passado?
A viajante segue o caminho do próprio pensamento.
Propôs uma pausa - Acabei de saber que minha cadelinha foi atropelada...
Mas á frente mato minha sede de entendimento.
Há meros devaneios tolos a me torturar...Chão de Giz

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Somos iguais em desgraça-frase de uma música que não lembro de quem é

A característica mais marcante em meu pai era sua rotatividade. Dizia-se inteligente sem livros e que sua fortuna era o pensamento.

Papai falava sempre emocionado que quando eu aprendesse a ler eu iria possuir de alguma forma todas as coisas, inclusive, eu mesma.
Não gostava de constatar o quanto me atormentava algumas coisas. Mas é segredo. Esse segredo alimentava o meu silêncio. E eu precisava desse silêncio para continuar ali. Mas, nunca consegui contar para ele o que acontecia comigo, com ele, com nossas vidas. Um deserto de almas.
Acontece que aos 13 anos eu não tinha preparo nenhum para dar nome alguns às emoções nem mesmo tentar entendê-las.
Apenas deixava cartas escondidas e secretas, como ainda hoje me são secretas algumas. Escondo-as tão bem que surpresa fico ao reencontra-las e me pergunto: Nossa, fui eu que as escrevi, que coisa pesada, o que eu pensara nesse momento?

Eu fui da primeira turma de mulheres do Colégio Militar, indisciplinada, pensadora, sempre ficava detida por uma ou duas semanas. Dependia muito do Sargento ou Tenente que recebia minhas ofensas cheia de silencio de mim mesma. Então, quem eu era?
Ah, sei, a maluca do colégio que ousava desafiar o Tenente Malta e o Sargento Mendonça e mandava a puxa-saco da aluna coronel Gomide para PQP. Essa era eu. Mas, por quê?

Ah, como me sinto guerreira de chegar ate aqui. Como se a partir de mim, e através do meu esforço, eu devesse conquistar outra pátria, nova língua, um corpo que pudesse sugar sem medo ou pudor. E tudo me treme dentro, olho os que passam com um apetite de que não me envergonharei mais tarde. Felizmente, é uma sensação fugaz, logo busco os olhares de meus filhos, neles a minha vida está estampada. Estes votos que ruborizam o corpo, mas não marcaram minha vida de modo a que eu possa indicar as rugas que me vieram através do meu arrebato.

Papai - in memoriam-era o único a trazer-me a vida, ainda que às vezes eu a vivera com uma semana de atraso. É que ele praticamente só viajava.

Não preciso interpretar os fatos, incorrer em erros, apelar para as palavras inquietas que terminam por amordaçar a liberdade. Não tenho que assimilar um vocabulário incompatível com meu destino capaz de arruinar meu casamento. É meu encargo podar meus excessos. O caso é que a natureza dotou-me com o desejo de naufragar e as vezes ir ao fundo do mar. E me serve para absorver meus sonhos, multiplicá-los no silencio borbulhante dos labirintos cheios de agua do mar, salgada, mas de gosto intragável.

Trair é muito prejudicial em todas as esferas.

Mamãe sabia disso?

sábado, 25 de abril de 2009

A moral do Jardim


No fundo, eu sempre tivera a necessidade de sentir a raiz firme das coisas.

E isso, só meu lar me dera. Ainda que por caminhos tortos, vieram cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado. E continuo a descobrir que sem a felicidade se vive.

Encontrando pessoas antes invisíveis, persistência, continuidade, alegria. Às vezes, acontece dentro do corpo uma exaltação perturbadora que tantas vezes se confunde com uma felicidade insuportável. Acho que é uma troca compreensível de uma vida de adulto, que eu quisera e escolhera.

Eu sempre dei tudo de mim.Até as árvores que plantei riem de mim. E quando nada e ninguém precisa mais da minha força, eu, inquieto-me. O calor se torna mais abafado, tudo ganha uma força e vozes mais alta. Ao meu redor os ruídos são serenos de jardim, cheio de árvores que ainda riem de mim. Pequenas surpresas entre cipós reaparecem. Enfim, todo jardim triturado pelos instantes já mais apressados da tarde, de onde vinha e vem o meu sonho pelo qual estou rodeada. Tudo é estranho, grande demais, suave demais. E, esse mundo, é tão rico que apodrece.




domingo, 19 de abril de 2009

O silêncio da Inocente

Tenho pavor de ficar indelimitada.
E que eu tenha coragem de resistir à tentação.
Esse esforço que farei agora por deixar subir à tona um sentido, qualquer que seja, esse esforço seria facilitado se eu fingisse escrever para alguém. Porém, receio começar a escrever para ser entendida pelo 'alguém imaginável', receio muito mesmo, começar a fazer um sentido, com a mesma mansa loucura que até ontem era meu modo sadio de caber num sistema.
E se eu me desproteger e ir falando para o nada e para alguém? E correr o risco de ser esmagada pelo acaso. Por essa transformação subita de ignorancia. Fatos.
Por que questiona minha solidão? Por que reclama de eu ficar deitada na rede admirando minha natureza?
Ouço suas indagações: 'Voce deve estar deprimida, levanta dai!
Vê meus olhos sorridentes onde só há silencios?
Não te respondo em palavras, retribuo em silêncio.
Quando fico sozinha não há uma queda, há apenas um grau a menos daquilo que sou para os outros. Isso sempre foi minha naturalidade e minha saúde. E minha espécie de beleza também.
E, é só isso que posso dizer a meu respeito? Ser sincera? Relativamente sou. Não minto para formar verdades falsas. Mas preciso dessa latente em mim e confessar que usei demais as verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir?
Eu poderia dizer a mim mesma o que me linsonjea e fazer o próprio relato da sordidez. Mas, tomo cuidado de não confundir defeitos com a minha chamada 'nobreza' que omito, à minha sordidez que tabém omito.
E quanto mais sincera eu for, mais serei levada a me linsonjear, tanto com as 'ocasionais' nobrezas como sobretudo com a ocasional sordidez. E a mesquinhez? Essa Eu omito. A sinceridade não me faz vanglorizar a mesquinhez.
E não só por falta do autoperdão, Eu me perdoo a tudo o que for grave e maior em mim. A mesquinhez eu também omito porque a confissão me é muitas vezes uma vaidade, mesmo a confissão penosa.
Me ouça agora. Não estou : Você está muito para baixo, você parece num silêncio abismal Julie.
Eu fico em silêncio para saber não quem sou, mas entre quais eu sou. Se eu perder esse mundo, sei que não tenho capacidade para outro. Homem nenhum provou que "lá" tenha natureza.
QUAIS DELAS ??????

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sensação II

Para tirar minha duvida maluca das ideias, ou tirar das ideias minhas duvidas malucas...Hoje, vi pessoas que só o olhar delas já me valeram a pena ter ido ao local.

Tem um ar de mistério nisso. Você não conhece as pessoas, mas se sente bem ao ve-las. Isso já aconteceu com voces??


Bem, se o bem me deixa bem, o que pensar do mal que me leva ao bem?


Hoje, percebi dois caras num carro escuro me seguindo. E depois de ser assaltada voce fica mais "ligada" ou se torna uma paranóica que usa a palavra Paranóica para justificar o modo livre de ser. Ate porque, como todos me sentem louca, tenho sempre a meu favor a fama. Posso falar e agir de qualquer forma que ninguem se importa, sempre dirão: a Julie é louca. Ou como meu amigo gatão me chama: Fala Insana!


Bem, os carinhas se danaram se tentavam algo, fiz uma curva louca numa rua que desconheço mas, já estive lá alguns dias atras para solucionar um problema e me deparei com pessoas doces, bonitas e interessantes. Deve ser por isso que hoje, como diz Daozin: Teoria do Corpo Fechado: Me levou na extremidade de me sentir melhor. Gostei de ver as extremidades. E somente eu mesma saberei do que tendo dizer. Mas deixo ao meu amado leitor uma icognita: O que será mesmo que voce queria ver???


Ahhh, essa eu levo ao túmulo.


EU NAO VIM PARA EXPLICAR, VIM PARA CONFUDIR...Chacrinha in memorian





terça-feira, 7 de abril de 2009

A sensação

Se pudesse ter escolhido queria ter nascido Tartaruga. Talvez, Ela mesma, não sinta o grande

símbolo da vida livre que eu sinto Nela.


Mas, isso não importa, a Tartaruga deveria, sobretudo,ser sentida por mim?

Ela não representa animalidade livre, solta do ser humano? Não.

O melhor que ela tem, o ser humano já têm, sempre mal aproveitado, bem mal aceitado em si.

Passo então, para a minha humanidade.

E, Ela, só me indica o que sou.

Tentando pôr em frases a minha mais oculta e sutil sensação. E desobedecendo à minha necessidade de veracidade eu diria: Minha liberdade é tão indomável que se torna inútil tentar-me aprisionar para que sirva aos homens.

E quero te pedir perdão, invejada Tartaruga. Eu te aprisiono em meu lago, para que você me dê uma pouco de felicidade no momento seguinte ao meu.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O/as - OS/as

Gente arrogante é incapaz de prestar atenção. Você esta dialogando com o arrogante,ele não presta atenção no que você esta falando. Ele fica pensando enquanto você fala. Ele não quer nem saber o que você esta falando. Ele esta esperando você parar para ele continuar falando. E ele esquece uma frase de um grande filosofo catarinense Leonardo Boff, que diz que " um ponto de vista é a vista a partir de um ponto". A ética, entre outras coisas, nos obriga a perceber esse grande pasto de pontos de vista. O arrogante acha que só tem um ponto de vista que vale: o dele. Ele não tem a visão de alteridade. A capacidade de ver o outro como outro, e não como estranho. Alias, quem é o outro de nós mesmo? O mesmo que nós somos para os outros, ou seja, outros. Quer um exemplo? Outro dia eu falei para uma pessoa: acho engraçado o sotaque de vocês (amazonenses) e ouvi como resposta: Sotaque? A gente não tem sotaque, é você que tem sotaque! Realmente, eu aqui é que tenho sotaque. Mudei a prosa no instante seguinte... Somente será possível falar numa ética que promova a vida digna, se eu for capaz de olhar o outro, como outro, e não como estranho. é necessário esquecer essa forma indulgente de ser arrogante, essa situação negativa de ser. Supondo sempre que só exista um jeito de ser. E resolvi escrever porque ontem, meu marido me deu as costa numa conversa relevante para mim e, ainda se fez desculpado com a cadela que estava a fugir pelo portão. Aproveito que, ao ler meu blog, ele tenha a consciência do arrogante em si. Ah, sei que ele é um amor para mim, mas é arrogante também em alguns pontos. Não quero mexer com ele nem que ele se mexa por mim. Eu poderia reclamar em casa, ao vivo, mas em silencio, posso mudar muito mais coisas que em som. Tem gente (agora não to falando dele hem), que acha que é dono do planeta. Não entende que somos usuários partilhantes dele. Quais foram os animais mais poderosos do planeta antes de nós? Os dinossauros ? Dominaram o planeta por 110 milhões de anos. E nós, metidos a besta, estamos dominando a 40 mil anos e achando que podemos fazer qualquer coisa. E não podemos nada. N A D A. Imagine que para cada ser humano no planeta há sete BILHÕES de insetos. Já imaginou se, para entender o que estamos fazendo com o planeta partilhado, hoje à noite só os seus vierem lhe visitar? PS: E tenho certeza que alguns leitores me criticarão pela loucura. Mas, garanto! Não sou nadinha de nada louca.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Télos

Quando criei o blog imaginei escrever coisas sobre as quais eu já havia experenciado. Falei de mim, do vizinho, do cachorro, dos desafetos, dos sentimentos, das ideias, da minha mãe, dos meus filhos. Mas ainda não havia comentado sobre a essência do meu trabalho. Principalmente, do trabalho de dez anos atrás, que era o que eu me propus a fazer ao iniciar o blog. Falar do caminho sofrido e árduo do paciente com câncer, o momento traumático do diagnostico, o problema da verdade, as descrições das reações do paciente das várias etapas do tratamento ate a morte, as reações da família e da equipe que acompanha o paciente canceroso.
Convivendo diariamente com histórias impressionantes de perdas, fracassos e desesperança, anteriores a ocorrência da doença, pensei descrever aqui os aspectos altruísta para que, quem ler, possam refleti-los melhor sobre o verdadeiro sentido de suas vidas. Longe de ser uma pretensão, imagino que as pessoas possam ser mais felizes.
O câncer não tem cor, nem raça. E certamente já te levou alguém que você ama ou conhece. Ele não tem piedade. O câncer pode roubar-lhe aquela alegre ignorância que uma vez levou a acreditar que o amanha se estenderia para sempre.Cada dia é um dom precioso para ser usado, sabia e eternamente.

Espero que eu tenha conseguido explicar o motivo da firmeza que tenho, em vivenciar cada dia com um sorriso no rosto, diante dos problemas. Sem dor, sem desesperança.Sem sentido.
Ter estado tão próximo da morte, é, com certeza, aprender coisas muito significativas e importantes sobre a vida.





segunda-feira, 16 de março de 2009

O Relógio


Estou melancólica porque estou feliz. Não é paradoxo. Depois do ato do amor, não dá uma certa melancolia? A plenitude. Estou com vontade de chorar. Mas, nem posso. Vão pensar que estou passando mal podem chamar o SAMU (serviço de ambulância na cidade).

Há alguns anos, minha capacidade para amar foi pisada demais. Só me restou um fio de desejo. E este se fortificou. Viver importa. Viver apodrecendo, importa muito!

Estou na Prefeitura, tentando pagar o IPTU, olho no relógio do celular, não uso no pulso, o do celular me basta, e pensando, formato as palavras, pois posso expressar meus pensamentos e somente depois formatar as palavras, o que faço agora.

Penso: e se ele (o relógio) não marcar mais as horas, se ele morrer? Não, ele não morre, apenas vai embora de si mesmo. É o relógio o culpado de todas nossas aflições. Por exemplo: eu passei 5 anos sem gripar e fiquei gripada 4 dias seguidos, tive febre e perdi o show, de credencial de palco e tudo, do Iron Maiden (q nem gosto). O culpado foi o relógio do tempo. Tomei remédio, o remédio é relógio. Permite apenas transmissão. O relógio conserva o anonimato. Nesse momento, tumultuado na Prefeitura, o tempo, é relógio. Na verdade, o relógio não tem nome intimo. Ele é perfeito. Alias, Deus não tem nome: conserva o anonimato perfeito. Não há língua que pronuncie o seu nome verdadeiro.
O relógio, o tempo, é burro. E vou dizer uma coisa grave, parece heresia: Deus é burro. Porque ele não entende, ele não pensa, ele é apenas. A verdade que é de uma burrice que executa-se a si mesma. E ele comete muitos erros. E sabe que os comete. Basta olharmos para nós mesmo que somos um erro grave. Basta ver o modo como nos organizamos em sociedade e intrinsecamente, de si para si.
Mas um erro Ele não comete. Ele não morre. Assim, como o relógio não morre.

Vou esperar as expressões de cada relógio humano.

Alguém o reconhece?

sexta-feira, 13 de março de 2009

A justiça Injusta.

Essa justiça dos Homens é uma sacanagem só.

Frequento um abrigo infantil desde 2001 aqui na minha cidade. O abrigo acolhe crianças e adolescentes de 0/18 anos, veja só: Vítimas de Abusos Sexuais.

Acontece que uma das adolescentes que receberam no tal abrigo, têm 12 anos e foi violentada pelo próprio Pai (FDP)!

Acompanhei essa menina várias vezes durante minhas visitas. Levará sempre minhas filhas com idades semelhantes para brincarem. A bebe nasceu, linda, forte e com saúde.

Ontem, fiquei sabendo que o dito VAGABUNDO, o Pai, conseguiu na justiça o direito de ter a filha de volta ao convívio familiar e criar a filha/neta. Há, como assim????

Também não sei explicar. Só sei que estou indignada com a situação!!

O que essa "juíza", ridícula e louca tem na cabeça? Como ela concede um absurdo desse??

Tomara que seja a cagada da vida dela, assim ela coloca o pijama e pára de cometer injustiça.

Isso é inaceitável para mim. O Pai estrupa, a menina é colocada num abrigo por 15 meses e, ao final, volta para casa, com o cara que a violentou????

Algo está errado!

E a Diretora do abrigo só soube me dizer: A juíza mandou ela voltar para o convívio da família!

Estou pasmem!!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Manual da experiência


Não existe o manual. O título é falso.

Quem já é Mamãe sabe de cor as mudanças físicas e hormonais da gravidez.
Na teoria sabemos que nada mais será como antes, que não vamos mais dormir, que vamos gastar uma verdadeira fortuna com itens que há nove meses nem sabíamos que existiam...

Tudo bem. Isso tudo, todo mundo já sabe...E nada disso importa quando se decide ter um filho. Mas existem outras transformações, maravilhosas, mais profundas, que alteram a vida para sempre.
Agora que minha filha acabou de nascer, já de volta a cidade que moro, são tantas alegrias, novidades, medos e preocupações práticas que nem estou vendo as mudanças acontecerem. Mas elas acontecem: meus valores, minhas prioridades, minha capacidade de amar, minha paciência. Tudo mudou.

Quando vejo a menina que eu era e a mulher em que me transformei depois da maternidade, é que consigo compreender o tamanho das mudanças que meus filhos trouxeram. Vai muito alem das cinco estrias na bunda, a falta de sono, os olhos tomados por olheiras. E, acredite: é maravilhoso!

Estou de luto. O luto da barriga. Que representa o meu nascimento de mãe e a morte da gestante.

Era tão, tão bom. Um ar de arrogância direcionado aos maus educados predadores das filas de banco que reclamavam por a 'gestante' passar 'a frente. Ahh, que tempo gostoso. Ser paparicada, mimada por todos. Cade?? Quero de volta!

Se o Dr. Moron ler esse texto, vai me expurgar da terra. hhahahaha... Mas, para a miga Ly, garanto, não terei mais filhos. Mas por ela, emprestaria meu ventre e gerava seu tão sonhado filho. Xii, barriga de aluguel? Bem, por ela sim, eu faria.

O que mais muda na vida dos filhos? Com certeza: a mãe.