E vi novamente o jogo de luz se espalhando nas folhagens e o percevejinho indo de la pra cá. Eu o atrapalhava, punha o dedo no caminho e ele mudava a direcao. O que me lembrou Cora Coralina que disse num de seus poemas que o importante não é a partida e sim o caminho que percorremos. Sábio percevejo..vago...solúvel no ar...estremeço de inveja...e me transmuto... Chego no deserto de areia, só vejo a imensidão ... toco na areia e todas são felizes sem saber por quê. Tantos montes...poucas pontes... Triste da mulher perdida...Pode encontrar um marinheiro no deserto que a esfaqueará...
O medo a corroeu...foi preciso mudar o caminho da viagem...Fechou-se os olhos e foi parar numa casinha de campo humilde, tinha uma caverna bem próxima da casa. A cobertura era de céu, as paredes eram de palhas com plásticos e pedaços de papelão, podia-se ver as nuvens carregando os desejos dos amantes e os olhos que Modigliani não pintava pois ainda não conhecia sua alma, celebre Pintor e Poeta dos que viver importa muito mais que o dinheiro.
Eu cansei de atrapalhar seu caminho percevejo...tão frágil diante dos meus dedos e palma da mão. Não se preocupe, o vento fareja tudo. E estás me dizendo que seus medos nada são iguais aos meus. Que Eu, nós, ocultamos o próprio enigma.
E o vi, grande percevejinho, todo iluminado por dentro da sua alegria do caminho. Segue-o, corra de mim, dos meus sentimentos de um sonho louco desse mundo.
Me transmuto agora para um vulcão que é meu prazer momentâneo de existir, quero você Tunguhaua, quero você Petincha, quero todos os vulcões do mundo e neles, me fazer existir como dama de verdade da vida. Todos são totalmente iluminados por dentro, mesmo que em lavas do microclima do inferno. Como disse Quintana: "Tem que ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda"...
E não ser amamentado ao nascer, implica muito no ser. Sou. Assim sou. Frida Kahlo também não foi amamentada ao nascer, foi por uma mucama e lembro-me de uma pintura bem realista dela Ser...