segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Carta

Eu não poderei ama-lo mais, quere-lo mais e sentir mais a sua falta do que sinto.

Talvez voce saiba disso. Mas o que precisa saber também,

embora possa parecer vaidade dizer isso, é de que forma o... precisa de mim.

Na verdade, ele é muito solitario, muito atormentado interiormente,

muito inquieto, e eu sou sua unica amiga, a unica pessoa que realmente o entende,

o ajuda, trabalha com ele, lhe dá um pouco de paz e sossego.

Durante quase vinte anos , ele fez tudo por mim; ajudou-me a viver, a me encontrar, sacrificou

um monte de coisas por mim... Eu nao poderia abandona-lo. Poderei deixa-lo por periodos mais

ou menos importantes,mas nao prometer minha vida a mais ninguem.

Odeio tocar de novo nesse assunto. Sei que corro o risco de perde-lo; sei o que perde-lo significa

pra mim...


domingo, 6 de junho de 2010

Por : Ricardo Herbert Jones

O DIREITO DE SENTIR.



Posso contar uma historinha que uma paciente me contou?
Ela estava morando no interior do estado, trabalhando como promotora.
Tinha tido dois partos de cócoras no hospital, coincidentemente no
mesmo dia do mês, com 5 anos de diferença. Ambos haviam sido por mim
atendidos.

Grávida pela terceira vez, ela procura um obstetra (por acaso meu
colega de turma) que atendia na sua cidade. Ele lhe fala que seria
"possível" um parto normal em função dos dois anteriores, que ela os teria no
hospital e que poderia ser feita a anestesia para livrar-lhe da dor
insuportável de um parto.
Ela respondeu que as dores que sentira nos dois anteriores foram
absolutamente suportáveis. Ele retrucou que a dor não é boa e nem necessária,
e que sentir dor prejudica o bom andamento de um parto. Diz de sua
experiência de que, após a instilação do anestésico, as pacientes relaxam e
o parto pode seguir seu rumo com sucesso.
Ela continua desconfiada, então ele lhe oferece um vídeo de um parto
seu com anestesia.
Ela o leva para casa e assiste.
Dois dias depois volta ao consultório do meu colega, entrega-lhe o
vídeo, agradece e diz que vai procurar um outro profissinal. O obstetra se
assusta, e pergunta o porquê da decisão.
Ela então senta, e explica.
- No início do vídeo, quando a paciente está indo para a cama de parto
para ter seu filho deitada e com as pernas moles amarradas nas
perneiras, o anestesista pede às auxiliares que "passem a doente" para a maca.
Claro que foi um lapso, produzido por alguém que trata de pacientes
doentes todos os dias, mas teria sido esse lapso apenas verbal? Ou toda a
ação do anestesista era guiada por essa específica compreensão
"doentificada" de uma mulher que está tendo seu filho?
Meu colega olhava para seus belos olhos verdes e coçava o queixo.
- No final do vídeo, quando o bebê já havia nascido e vc estava
fechando uma enorme episitomia, vc olha com candura para a paciente e pede que
ela olhe para a câmera para responder a uma pergunta. Vc então diz: " E
então? Sentiu alguma coisa?"
Ela então responde, com uma face inexpressiva: "Não. Eu não senti
nada".
Meu colega então abre os olhos e faz uma expressão de surpresa, como
que a dizer "E não era isso que queríamos?"
Entretanto, antes que ele fale, ela termina:
- Foi por isso que resolvi procurar outro profissional. Nã acredito que
um parto seja um momento em que eu diga " Não senti nada". Sentir ';e
tudo o que quero no nascimento de minha filha. Perceber na pele, no
corpo e também na alma são coisas que não admito serem retiradas de mim.
Anestesiar meu corpo para que ele não fique impregnado com a dor me
retiraria todas as outras impressãoes corpóreas que tanto prezo nas minhas
experiências anteriores com o parto. Não doutor, não quero um parto em
que no final eu diga não ter sentido "nada". Quero, e exijo, sentir tudo
a que tenho direito. Minhas sensações e minhas recordações corporais do
nascimento são meu tesouro, meu valor maior neste momento, e o cimento
básico para a construção de uma relação sólida com minhas filhas e com
a vida. Não quero que nada me seja retirado, subtraído, roubado. Do meu
parto quero TUDO a que tenho direito.
Levantou-se, sorriu maravilhosamente, e saiu.

sábado, 5 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

Saudade e inquietaçao

Passado o efeito da minha alma alcoolizada, percebi que nao se trata de ciumes e sim...mesmo que somente fossemos amigos, fiquei imaginando sua cara se eu sugerisse que transasse comigo. Que decandencia, de feiura e conspicuo.
Porra , to muito puta de raiva. Nao é a primeira vez que ela se oferece à voce!

Ela nao percebe que respeito e efusao de ternura funciona com dois e nao com tres?
Cada consciencia busca a morte da outra...
PQP...sera sempre assim? O amor entre duas pessoas é necessariamente um conflito?

Estou pensando em manter-me bebada pois sobria me faz cair no patetico com tantas mentes idiotas e mediocres.

Se eu me importo?

Sim, por voce!

Mas se voce nao se importa, nada disso deveria se tornar essencial, nao é mesmo?

De uma coisa eu tenho certeza, que voce faz parte do meu futuro quase que essencial...mas sei que estou esquecendo as regras, os seus casos "contingentes" nao deveriam se tornar essenciais.

Estou infame nesse jogo e, voce nao sabe o quanto isso muda minha vida!

Quando voce me contou o que falou sobre nós a Ela, pensei: Quando se tem que discutir coisas com varias pessoas ao mesmo tempo, a conversa, salvo em circunstancias muito especiais, tende a ficar terra-a-terra

Eu nunca quis saber quase nada sobre sua vida. Os boatos publicos sobre voce, nunca acabaram com a ilusao que eu tenho de voce.
Essa guerra realmente esta me dividindo em dois.

Gostaria de saber como funciona o equilibrio do triangulo...

Está vendo? É dificil ter tudo o que quero e depois que nao tenho sucesso, fico louca de raiva, como no sabado!

E mesmo que isso acabe hoje por vontade sua, te peço: nao se torne um estranho pra mim, porque nao sei como começou tudo em mim e o que sinto é absurdo e injustificavel.

Agora, te deixo em paz.

CARTA ENCONTRADA ENTRE PAPEIS QUE GUARDO...26 de maio de 2002.