quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Para fazer meu homem pensar

Eu acho que no meu caminho o maior obstáculo sou eu mesma.
Vou por uma saia de chita, daquelas bem curtas, e sair de mãos dadas com o ar por ai, me encantando com margaridas, observando a ternura dos velhos e escovar minha alma com leves fricções das minhas unhas quadradas. Vou passar pelo meu quintal e descobrir meu jardim desbotado. Pisar no chão repleto de sons de piano com flautas e do céu descendo uma névoa de borboletas amarelas, e uma delas trazendo uma pérola falante a me dizer a frase de Guimarães Rosa que adoto: Viver é muito perigoso, e bom demais. 
E se você não entende quando grito silenciosamente, é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
E, ainda assim, ficar olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, escutar aquela musica secreta com ele e se aprofundar. Não confundir solidão com estar sozinho e em paz, não confundir paz com os cantos dos pássaros e uma bela vista. Desse, basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Sentir o gosto da chuva e catar aquela flor que nasceu no muro e surpreende-lo de repente. Queimar em seu próprio fogo os 200kg de grilos e de medos. E se fazer vivo.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

É seu departamento, certo?

Eu gosto dos que já tiveram amores sem nojo nem medo, e de alguma forma insana, esperam a volta dele.
Que os telefones toquem, que os emails finalmente cheguem. Que os olhos de Deus se esparramem entre edifícios que criam criancinhas demonias, criadas em edifícios de playgroun de cimento. Que ilumine a rotina dos funcionários publicos que se cruzam entre corredores sem ao menos se verem. Que Eu, dando ordens a Deus, possa me tornar uma iludida achando que  nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos entao humano, quando se sentam em mesas para nada fazer.
Que o olhar de Deus fadigado pela cidade suja, possa direcionar a cabeça daquele que na noite se droga e mata através da ligação do CV. E que coloque muita luz no caminho das garotas performaticas que para pagarem o aluguel, dão duro como bailarinas "du soleil". Coloca Deus, teus olhos no caminho do motorista de táxi que já não tem esperança em mais nada. Olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a que são, e viver outra vida que não a que vivem.
Coloca teu perdão Pai, entre os terapeutas, meus colegas, que usam suas elaborações somente para postergar suas consultas infundadas e ineficaz. Coloca tua mão, ilumina, guie, faça o que tem de ser feito sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque nesse esquema, é sujo dar certo), sobretudo por aqueles que continuam tentando por razão nenhuma a não ser pela subsistencia diária. Por todos nós que sobrevivem  a cada dia a um naufrágio de uma por uma das ilusões. Coloca Deus, sobretudo, tua força a impedir os que avidos de matar o sonho alheio concretizem.
Enfia a tua espada onde a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça.
Mas para aqueles que se esforçam tanto e sangra ardentemente todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, pode ser o que aparece depois das tempestades.
Abençoa nossa mais amorosa miséria entorpecida. Uns que se queixam de frio, outros de calor, de sono. E continuam assentados em suas posições. Enfie senhor um cajado com fogo na ponta, para que estes entre em rebuliço. Mantenha minha boca fechada e as palavras ainda saindo. Um ventríloquo com descontrole psicomotor. Que minha vida venha sempre em inglês, francês, espanhol. Mesmo que eu diga: Eu te amo ou, não me enche! Continuarei me sentindo apropriadora, reconhecida pelo paladar, pelo ridículo. Pelo menos, no estrangeiro encontrei algumas questiunculas pessoas que me disseram como vim a fazer parte ou como nunca fiz parte. Eu sempre olho para a cara do meu semelhante e nunca sei como poderemos nos entender.
Deus, salve a mim, salve a eles.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Medo do medo

Tu que me aparece soprando em meu rosto cansado, suado e com olheiras, onde qualquer homem chamaria de vento. Mas, sei que é você! Junto acompanha a chuva, ainda é cedo, são 17:41 e o sol se pôs laranja, cinza e ao mesmo momento claro.
Olho pela janela do meu quarto e vejo as palmeiras num balanço e serenidade que me inspira inveja. Elas contemplam a doce leveza de provar tudo ao mesmo tempo: vento, a agua, a dança e sua própria soberania de beleza. 
Existe um muro que me empata de vê-la por completo, aprecio o lado esquerdo do muro com algumas sementes ou frutos verdes, não sei defini-las, são feito bolas, bolas verdes, que num gesto de positividade, balança um "SIM".  E as palmeiras, respondem com "NÃO".
Não dançam simetricamente, elas sobem e descem em contra vento, ficam ouriçadas, como se tivesse recebendo uma mensagem de VIVA.. E não se importa com o barulho dos céus. Que chamamos de raio, trovão. Simples. Ignoram como se o medo fosse só meu. 
E o é.
Algumas tiras de palmeiras mostram-se como dedinhos de madade se movimentando ligeiramente numa sincronia delicada e elegante.
Oh Deus. Se foi o homem que te inventou para justificar seu vazio e querendo que eu perca minha fé. Que toda essa agua, chuva e vento lave minha alma tão paralisada perante o momento de beleza que vivencio. Essa alma que teima em nao se encontrar, por amar demais.
E os passarinhos puseram-se a cantar, vários, varias melodias mesmo entre trovoes e relâmpagos.Nunca presenciei tão harmonia.
E se tu existe como sempre me assiste, perdoe minhas fraquezas e deslizes,minhas inconerencias e duvidas, minhas aberrações pensantes e a depressão que é parte da minha alma de mundo errado.
E que me faça perder o senso sem pudor daquilo que não aceito, mas entendo. E que fico alienada pela maioria. Onde esse medo priva minha mente do raciocínio.
Que me permita morrer esse instante...
Como Fernando Pessoa disse: Morrer, é só não ser visto.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falsa guerra

Existe o consenso de que, no homem, o habito mata o desejo. E acredito fielmente a esse consenso humano.
Uma imensa caracteristica que impressiona todos os seus amigos é sua imensa generosidade. Ela dá sem fazer conta, dá seu dinheiro, seu tempo e a si mesmo; esta sempre pronta a se interessar pelos outros, mas não deseja nada em troca, não precisa de ninguém. E muita das vezes é tachadissima de louca. Por que?
É possível conciliar fidelidade e liberdade? E se for, a que preço?
É muito cansativo odiar quem se ama. Ai que entra o hábito. 
Em que mundo deserto...eu caminho, tão árido, o único oásis é minha auto estima intermitente.
Para a mulher,o amor tem um custo, e há uma parte nele que homem nenhum aceitaria. Sei o preço. E sou inteligente para alguém se encarregar completamente de mim. Só tenho a mim. Porque o assedio moral esvazia a alma, e a culpa é do habito. Aceitação também é habito. Eu amo você pelo que você me traz e amo o outro de você pelo que você é. 
Ainda na faculdade eu discutia o fato sentimental com a professora, onde continuo afirmando que se trata de um estado absurdo e fundamental, contingencia. Basta a nós determinar a substancia de nossas vidas, a forma de moldar nossos destinos, assim, escolher a forma para amar.
Ser livre é assustador, ser livre na fidelidade e felicidade é para poucos que se arriscam. Agora aceito sem embaraço a sensação ligeiramente perturbadora de estar em seus braços e sentir sua força. Essa era a vida que eu estava esperando. Um homem que fosse superior a mim. Minha admiração e minha fé em você são absolutas e meu carinho pelo outro de você não tem reservas. Continuamos sendo nós três. Estou fazendo o que posso para nao deixar essa obscenidade me encher de uma infantilidade detestável., mas nao consigo deixar de sentir uma angustia fisica terrivel. Estou num estado estranho, há de passar...