segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sem pertencer ao todo

A liberdade exige coragem moral. E assim, para "os outros" a maioria desiste  de sua liberdade e torna-se uma coisa.

Mesmo "sobrevivendo"(sim, porque não vivemos) em um século considerado avançado, ainda sentimos o peso do preconceito existencialista, permitido claro, por nós mesmas - mulheres.

Falar sobre sua feminidade, sexualidade ou mesmo como conduz sua vida sexual e seus conceitos internos para o homem, ela é vista de forma humilhante, como fácil.

É, alguns não estão preparados para a inteligencia e independência e sentem-se intimidados.

E sendo bem consciente quando se trata de envelhecer a sociedade débil e tirana tem sempre dois pesos e duas medidas.

Encontrei a quase três meses atrás dois amigos viajando de moto, eu estava em uma cidade visitando, viajando sozinha mesmo e os encontrei no aeroporto.

Foi bem divertido, almoçamos juntos, relembramos uma situação que aconteceu no qual acabaram envolvendo meu nome. Foi algo sério (e que não aconteceu) mas foi uma fofoca perversa e infantil.

E rimos muito!

Tiramos algumas fotos na qual nunca tive acesso. Mas aquele momento foi tranquilo, divertido e masculino. Sim, totalmente masculino. Homem fala coisas diferentes. Eles não se preocupam com a marca da cueca, mas comentam sobre o tipo de creme dental que a mulher compra e nao agrada a eles.

Homem também comenta sexo com as amigas, mas eles não falam daquelas coisas que são tão indesejadas de ser lembradas por nós mulheres - celulite, as estrias na bunda , peito...ete cetera.

Eles simplesmente nao tao nem aí pra situação - o esperado não é citado, é sentido.

Fico pensando: por que nós mulheres nos prendemos tanto a modelos de beleza nos sacrificamos tanto pra estarmos sempre lindas, cheirosas (esse ultimo é requisito) bonitas e saradas se eles nem reparam na hora H. Eles gostam é de olhar a bunda das outras, os peitos e, desenvolverem suas fantasias. Isso é trair? Fantasiar é trair?

Estamos todos, nós humanos traindo.

Eu gosto muito de mergulhar no mundo da outra pessoa, tornando-o temporariamente meu. Como uma forma de sair de mim. Entendendo assim, o que todo mundo vê porem, entender coisas que ninguém sonda tão bem.

Talvez por ter me educado tardiamente em função do casamento e forçando-me a olhar o mundo com os olhos dele...Tenho me sentido muito feliz quando decidi sair daquilo que me diminui e sentir o que me acrescenta

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Qual o preço de viver mais?

No momento que digito fico imaginando o José de Alencar nessa luta diária e macabra entre viver e vencer.
Pergunto: Você deve se arriscar?

Não que eu seja cética, maluca, destrambelhada, como alguns afirmam com seus adjetivos mentais pobres e analfábeticos, ao contrario: A morte é a coisa mais segura e firme que a vida inventou ate agora. Minhas insônias só aguçam minha lucidez que é polida ainda mais quando consigo dialogar com uma professora que surpreendentemente me diz:

"Menina, não fazia ideia que você é esse turbilhão de coisas boas e aguçada inteligência. Fico te observando na sala e, você é a única pessoa que nao expressa absolutamente nada, sempre reclusa, por quê? Você parece funcionar à velocidade da luz e ao mesmo tempo uma letargia intrigante...

(detalhe: não to escrevendo isso por promoção)

Respondi: É que quero confundir os que não me conhecem. Serio que eu dou a impressão de estar sempre distante ou chapada?

Rimos...

Sabe o que é professora, na verdade eu evito a curiosidade alheia até decidir se estou interessada o suficiente para interagir com os outros.

Quando eu tinha 13, 14 anos, eu saia da escola e visitava cemitérios, achava divertido ler as lápides, saber que umas são mais bem cuidadas que outras. Pensar na vida daqueles que se foram, ler seus nomes, datas de nascimento e morte. Eu até namorei uma vez lá. O cara não gostou muito mas se meu irmão ou Pai me visse, ele era mais um deles pra eu visitar la.

Hoje não visito mais cemitérios,o tempo me tomou, mas se você ficar uns 15 minutos lá, vai perceber que sua dor não cessa, mas diminui.É a forma que assumia e posso reassumir novamente para aceitar meu vazio das coisas, tendo assim a consciência do nada.

Sem essa minha (como a professora falou) intrigante letargia e velocidade da luz, a vida não é suportável.

Mas ate que ponto você será aceito pelos outros com seu modo de ser, de se recriar diariamente?

Sinceramente, não espero mais.

Hoje vi que mais alguém é meu seguidor aqui no blog. É homem, me lembrou Zé Ramalho.

Espero que ele não seja mais um querendo voar para as profundezas do mundo dos meus textos, e indo bem mais fundo, muito pensativa, chego a conclusão que não existe nada mais difícil que entregar-se totalmente. Como quero ser sempre.

Talvez essa seja a dor humana mais fodha em se aceitar. Aceitar quem você é e, quem você quer ser para os outros.

Eu não sou a Amy Winehouse, graças a Deus, mas se fosse não te daria a mínima importância para o que você pensaria de mim.

Me veio a cabeça a minha avó Angelina.Que nunca deu um murro na mesa nem mandou o meu avô pra casa do caralho. E nunca vai reencarnar para viver novamente essa vida arcaica que ela teve de viver.

O pior que quando minha família ler isso ainda vai me julgar em está falando da vovó.

Como diz meu amigo cearense Valter: FIUK YOU BEIBE!!

Qual o preço de viver mais?

Eu queria muito esticar minha vida na terra. Porém, todavia...Um dia chega e chega.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O caco de vidro na sala de jantar

Melhor dizer que a flor e a abelha querem se encontrar - vida a favor da vida- vida contra a vida.
Nem mesmo confio na minha certeza de reencontro.
Prefiro acreditar que exista uma abelha perigosa, daquelas que te incha ate a morte devido sua agonia da alergia.
Esse reencontro será um rito fatal entre ambos. Melhor que não se cumpra.
As consequências deveriam ser o medo de uma rosa crescendo num cemitério.
O pior é que não sei como não ir. É o encontro temerário com a flor, com a abelha e com seu favo - mel ou fel?
Nada senão uma sala escuro cheia de pontos de interrogação.

Como existem pessoas carentes...cacete...me incomoda aquela farsa sagaz com penetração inocente. Nem mesmo saberia como fingir que não percebia...


Uns dizem me ler e não entender nada que escrevo.
E que foi que disse que escrevo de mim?

O Bial falando no BBB leu um texto do medo que o medo causa. Melhor não seria o ódio?


O plano se formou em mim cheio de paixões. Arranho-me com os galhos cheios de espinhos , e chupando os sangue dos dedos percebi que no meu tapete marrom da sala de jantar existe um caco de vidro que me espetou o dedo do pé, o esquisito eh que o sangue não externou. Fiquei apertando e nada, eu olhava atenta ao dedo pra ver o ponto de sangue que se formava. Queria ver a coragem brotar da lúcida viagem em chupar o dedo do pé também. Queria me explicar sem severidade, eu sofria pois a dor estava ali, mas onde estava a ferida?

Eu sentia o fel ainda escorrendo sem sair de si mesmo. E o tecido do pé continua grosso.
Me olhava no espelho gigante da sala de jantar e via minhas olheiras espantadas com a dor sem ferida.
Com certo horror via a a potencia da perversidade desconhecida. Eu queria ver o sangue, mas ele não brotava.
Irei ainda hoje, terei por insistência a recuperação do momento. Quero achar o caco de vidro que ainda esta lá.
Espero ainda exercer sobre mim uma tortura chinesa.
Saber com o decorrer da vida o drama do dia seguinte ira se repetir com o coração batendo.
É minha ignorância imposta e ficar com a ténue alegria mínima do condicional "quem quebrou algo aqui"?

Há mais uma lembrança: "Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem". Mário Quintana.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Diferentes caminhos caminhados que ficam pra trás

Fiquei andando pelas ruas vazias e quando o dia raiou eu estava na porta da loja de cd, louca que abrisse logo. Tinha escutado uma musica "...com você do lado...nada é real é tudo fantasia,saiba que eu te amo...amo noite e diaaa...Ao final, Jorge e Mateus...
Nunca fui de gostar especificamente de estilo de musica, gosto do que me agrada, seja musica erudita a cantaria de candomble...Enfim...

Primeiro chegou um cara que abriu a porta de ferro, depois a de vidro e por fim uma grade, depois outro que lavou a calçada e outros que arrumaram a loja.

A diferença que percebi foi que nenhum deles ao chegar foi ficar de bobeira ou tomar café, maquiar etc. Todos já chegaram e foram trabalhando. Nada de enrolar no expediente, trabalhao trabalho e clientes.

Puseram auto-falante pra fora ate que ao final do primeiro cd foi colocado uma musica evangélica e começaram a surgir de suas covas e se postaram ali comigo,mas quietos que numa igreja. Exato:Como numa igreja e me deu vontade de rezar, e de ter amigos, o pai vivo é um automóvel.
E fui rezando la por dentro e imaginando coisas, se tivesse Pai ia beijar ele no rosto, e na mão pedindo bençao, e seria sua amiga e, seriamos ambos pessoas diferente.

Com a perda do meu pai, perdi meu endereço intimo.Depois disso passei a viver como uma queda de braço.
A gente pode iniciar uma queda de braço de duas maneiras:no ataque, mandando vê logo,botando toda força no braço imediatamente, ou então ficando na retranca, aguentando a investida do outro e esperando o momento certo pra virar. Escolhi a segunda como opção em viver a vida. Sim. Mas, antes disso experimentei varias vezes a primeira.

Graças a Deus - que ele me perdoe (e se não me perdoar problema dele)- pela oportunidade de escapar daquela câmara de suplicio.

VIVER. Hoje o sol esta lindo! E bem cedinho, as 5:50 estava visitando o hangar dos Black Halk da Força Aérea Brasileira. Futura Tenente de lá...Uhuu.