segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Realidade adivinhada




Todas as pessoas tem sempre alguma coisa de bom para contar, das mais catedráticas às mais fúteis. Abomino ter de escrever para um publico que me lê com intuito de diminuir o que escrevo. Eu não comungo ideias da indiferença endereçada ou interessada. Os risos fazem parte do silencio daqueles que se julgam sabedor de suas próprias verdades. Oras, se tivessem a verdadeira absoluta, então não teria defeitos, porque, nas minhas ideias, o pior defeito que alguém pode ter, é a verdade absoluta das coisas.
Tenho que pensar que, minhas ideias são mutáveis nas ideias dos outros. Nesse percurso, cada pormenor tem seu preço: Cada entrelinhas abre pequenas novas liberdades. Não as liberdades arbitrarias de quem pretende se variar, mas a verdade mais verdadeira, de descobrir que se é livre. Isso não é fácil. Descobrir que se é livre é uma violentação criativa.
Eu, que me dou tão bem com minha falta de método e planejamento. E essa falta, de não ter que conspirar nas verdades verdadeiras, como as falsas verdades, ou impor uma falsa meramente verdadeira, que me permite o ganho total. Isso, abre as comportas e me liberta das formas inúteis de ser e escrever.
Pensar é sempre vantajoso, seja na frase:

"Eu não entendi nadica do que você escreveu", ou, "Desculpe, nao lhe conheço, mas seu texto foi endereçado à mim?".

Claro que não!
Como disse Clarice:

" Escolher a própria mascara é o primeiro gesto voluntário humano.
E solitário. - Clarice Lispector.



4 comentários:

Unknown disse...

Minha querida ..... o mal de todo leitor é achar que o autor escreveu o livro para ele, tão somente para ele.

Unknown disse...

Essa citação está no blog da Beth Show.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)
Se eu fosse um psicologo como tu, já teria enlouquecido com tanta gente doida.
Agora a pouco estava conversando com Beth (sobre uma coisa que ela não havia me contado) mas para desconversar ela me disse: meu blog de poemas está com quase sete mil visitas. E ela ria. Como se estivesse surpresa com o encantamento que as pessoas têm com a forma dela poetisar. Ela me disse: Pedro, sou capaz de poetisar em cima de minhas cinzas, sou capaz de poetisar em cima de um cadáver, sou capaz de poetisar em cima do nada por nada.
Respondi que as pessoas buscam nos versos dela a incognita de seus seres, mas eles se vêm através dela do sorriso dela, da sedução, do carinho, das lágrimas, dos sonhos. Mesmo que seja tudo uma grande mentira. Mas eles precisam se ver nos versos dela. E mesmo a mais bela mentira fica uma verdade absoluta quando em versos e prosas.
Não dê importância. É apenas mais um leitor perdido no meio de tantos leitores perdidos.

beijão surucucu
também curto suas anologias e mais do que isso; sou apaixonado pôr seus esquerdismos centrados.

Anônimo disse...

Pedroca! Saudade do Tion Pollo!
Sempre achei que voce nao existe!
Mas, me alimenta sentir que vc pode ser voce e, que de certa forma, voce me fazer, EU.
Bjs

Anônimo disse...

Minha Julie:

Eu diria pra você o seguinte sobre Verdade Absoluta:

- Qualquer pessoa que tem certeza absoluta de qualquer verdade, é um completo idiota.
- Mas, Adão você tem certeza disso?
- Certeza absoluta.

Quanto aos textos, eu tenho observado, que por mais, pessoal que seja um texto, quando alguém o lê, torna-se propriedade deste leitor, e ele autorga a si, o direito de dizer o que desejar sobre o texto. Assim, penso, que ao escrever o texto é seu, ao lermos, o texto é de quem ler, bem como as inúmeras outras maneiras de interpretar.

Um cheiro minha PSI!!!