quarta-feira, 19 de março de 2008

As vezes...


Às vezes, nós mesmo manifestamos o inexpressivo

Em arte se faz isso!

Em amor de corpo também!

No fundo somos tão felizes! Pois não há uma forma única de entrar em contacto com a vida, há inclusive as formas negativas! Inclusive as dolorosas, inclusive as quase impossíveis -e tudo isso, antes de morrer, tudo isso, mesmo quando estamos acordados. E que sinta na mão, como tudo tem um peso, à mão inexpressiva, o peso não escapa.
Que não acorde quem está todo ausente, quem esta absorto esta sentindo o peso das coisas. Umas das provas da coisa é o peso: Só voa o que tem peso. E só cai, o que tem peso.

Ou tudo isso é que ainda estou em gozo das palavras das coisas? Ou querendo o orgasmo da beleza extrema, do entendimento, do extremo gesto de amor?

Ah, se eu não estivesse precisado tanto de mim para formar a minha vida, eu já teria tido a vida.
Eu poderia ter deixado minha sólida construções no ar, mesmo sabendo que elas são desmanteláveis...

Finalizo com um rascunho belíssimo de Clarice: EU ME ARRANJARIA

Se o mundo não fosse humano, também haveria lugar para mim: eu seria uma mancha difusa de instintos, doçuras e ferocidades, uma tremula irradiação de paz e luta: se o mundo não fosse humano eu me arranjaria sendo um bicho. Por um instante então desprezo o lado humano da vida e experimento a silenciosa alma da vida animal. É bom, é verdadeiro, ela é a semente do que depois se torna humano.
Clarice
Lispector


4 comentários:

Anônimo disse...

Estava com saudades de voce!
Qual bicho pretende virar?
Eu seria um passarinho.
Beijos linda!

Anônimo disse...

Olá...
Belíssimo texto e fechou com chave de ouro...

bjs

Anônimo disse...

Lindo texto Jullie!!!!
Boa Páscoa Querida


PS: Assim que eu tiver um novo numero de celular eu te aviso ok ???
beijinhos

Anônimo disse...

"A felicidade é um sentimento de euforia!"

E eu gosto!