terça-feira, 22 de julho de 2008

A vida que chamo de NADA



Dar a mão a alguém sempre foi o que eu esperei da alegria.
E não falo somente do "dar" em valores, objetos. Um simples e caloroso gesto de doar-se em palavras, já alivia a alma e acalenta o desejo de continuar nesse mundo revolto, mutante, fragmentado.

O que eu vivi arrebenta minha vida diária. Desculpa eu te dar isto, eu bem queria ter visto e ouvido coisa melhor. E você tomou o que vi, livrou-me da minha inútil visão e pecado inútil.

Sentei-me ao lado de bandidos - eram todos do Estado de SC - meninos jovens, cabeça raspadas, algemas para trás, a mais de três horas sentados com a bunda quadrada (penso eu), aguardando para ser ouvidos pela promotora de acusação e juíza da Vara Criminal. E cometi o crime!

Meu crime não possui promotores, juiz nem algemas - apenas palavras de uma verdade que não faz sentido. Essa grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que provavelmente pedi e finalmente tive, veio no entanto me deixar carente, como uma criança.

Tão carente que só o amor de todo universo por mim poderia me consolar e cumular. Sinto que uma primeira liberdade está pouco a pouco me tomando...Pois nunca ate hoje temi a falta de bom gosto.

Meu coração se inclina humilde e eu aceito. Mas, será esse meu ganho único? Quanto tempo precisei viver presa para sentir-me agora mais livre, somente para não mais recear minha falta de estética e postura, ao sentar ao lado de bandidos.

Eu me pergunto: se eu olhar a escuridão com uma lente, verei mais que a escuridão? a lente não devassa a escuridão, apenas a revela ainda mais.
Essa casa onde em semiluxo eu vivo, é capaz de alargar em silencio e provocar acontecimentos.

Sou agradável, tenho amizades sinceras, e ter consciência disso, faz com que eu tenha por mim uma amizade aprazível, o que nunca excluiu um certo sentimento irônico por mim mesma, embora sem perseguições.

Mãe, viver não é coragem!

Saber que se vive é a coragem!


4 comentários:

Anônimo disse...

Só a imagem do filme "Noiva Cadáver", é revelador.

Anônimo disse...

Alias, a imagem é do "Mundo Estranho e Jack", que também é revelador de igual forma.

A noiva Cadaver

"A lenda russa da Noiva Cadáver e do Noivo Infeliz é romântica, macabra e com pitadas de humor negro.

Nesta história, uma família rica burguesa decide casar seu filho para adquirir status de nobreza, enquanto a família nobre e esnobe precisa desesperadamente, casar sua filha para fugir da falência.

Essa deveria ser a receita para um casamento infeliz, mas ao se conhecerem, os noivos se apaixonam.

Os problemas começam quando o tímido Victor não consegue recitar seu votos matrimoniais durante o ensaio, na véspera do casamento.

Mas, se a coisa já estava complicada para ele antes, imagine quando ele acaba se casando, por acidente, com uma noiva cadáver e vai parar no mundo dos mortos.

Seja no Mundo Estranho de Jack, ou na vida da Noiva Cadaver, se quiser uma ajuda no mundo dos mortos, me procure, eu conheço alguns caminhos! Um cheiro!

Anônimo disse...

Vives dentro de eternos pontos e contrapontos de uma vida que faz parte da tua vida. Dificil digerir, mais dificil ainda aceitar. Mas é um universo a parte e mesmo que estejas ou tentes ficar a parte disso tudo, ainda assim fazes parte dele.

Para os que vivem a margem ou dentro desse universo haverá sempre uma equidistancia a ser seguida e cobrada àqueles que os cercam e "lhe são queridos". Por mais que tentem se aproximar, eles sempre serão distantes. É a proteção que desprotege, inclusive do sistema. E esse sistema transforma o idealista de outrora em tirano num futuro.

Cabe a você...nunca entender, jamais aceitar...mas cabe a você se impor e lutar para que suas opiniões e seu espaço seja respeitado.

Beijos

Anônimo disse...

Ei, mãe, não sou mais menino
Não é justo que também queira parir meu destino
Você já fez a sua parte me pondo no mundo
Que agora é meu dono, mãe
e nos seus planos não estão você
Proteção desprotege
e carinho demais faz arrepender
Ei, mãe
Já sei de antemão
que você fez tudo por mim e jamais quer que eu sofra
Pois sou seu único filho
Mas contudo não posso fazer nada
A barra tá pesada, mãe

E quem tá na chuva tem que se molhar
No início vai ser difícil
Mas depois você vai se acostumar.
(Filho Unico - Erasmo Carlos)

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Há mães que nunca se acostumam.