segunda-feira, 16 de março de 2009

O Relógio


Estou melancólica porque estou feliz. Não é paradoxo. Depois do ato do amor, não dá uma certa melancolia? A plenitude. Estou com vontade de chorar. Mas, nem posso. Vão pensar que estou passando mal podem chamar o SAMU (serviço de ambulância na cidade).

Há alguns anos, minha capacidade para amar foi pisada demais. Só me restou um fio de desejo. E este se fortificou. Viver importa. Viver apodrecendo, importa muito!

Estou na Prefeitura, tentando pagar o IPTU, olho no relógio do celular, não uso no pulso, o do celular me basta, e pensando, formato as palavras, pois posso expressar meus pensamentos e somente depois formatar as palavras, o que faço agora.

Penso: e se ele (o relógio) não marcar mais as horas, se ele morrer? Não, ele não morre, apenas vai embora de si mesmo. É o relógio o culpado de todas nossas aflições. Por exemplo: eu passei 5 anos sem gripar e fiquei gripada 4 dias seguidos, tive febre e perdi o show, de credencial de palco e tudo, do Iron Maiden (q nem gosto). O culpado foi o relógio do tempo. Tomei remédio, o remédio é relógio. Permite apenas transmissão. O relógio conserva o anonimato. Nesse momento, tumultuado na Prefeitura, o tempo, é relógio. Na verdade, o relógio não tem nome intimo. Ele é perfeito. Alias, Deus não tem nome: conserva o anonimato perfeito. Não há língua que pronuncie o seu nome verdadeiro.
O relógio, o tempo, é burro. E vou dizer uma coisa grave, parece heresia: Deus é burro. Porque ele não entende, ele não pensa, ele é apenas. A verdade que é de uma burrice que executa-se a si mesma. E ele comete muitos erros. E sabe que os comete. Basta olharmos para nós mesmo que somos um erro grave. Basta ver o modo como nos organizamos em sociedade e intrinsecamente, de si para si.
Mas um erro Ele não comete. Ele não morre. Assim, como o relógio não morre.

Vou esperar as expressões de cada relógio humano.

Alguém o reconhece?

5 comentários:

Letícia Losekann Coelho disse...

Gostei da prosa!
Relógios matam nosso tempo!
Beijos

Cadinho RoCo disse...

Machado de Assis, o "Bruxo do Cosme Velho" e da literatura brasileira, pensava em ser relojoeiro. Alimentou esta idéia durante muito tempo até que percebeu a total impossibilidade de fazer com que todos os relógios do mundo, ainda que em apenas por um instante, marcassem a mesma hora. Agora pergunto: dá pra entender o tempo?
Cadinho RoCo

Anônimo disse...

Vivo bem sem relogio, sem dormir à noite, sem balança!

Cadinho RoCo disse...

Pintei camiseta com a pergunta que fiz aqui no comentário acima.
Csdinho RoCo

Anônimo disse...

Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia. (Paulo Coelho)

Assim como tu, também só uso o relógio do celular e normalmente só para ver o quanto estou atrasada ou adiantada nos meus compromissos. Por aqui, só falta de tempo impera nos meus dias. Mas arrumei um tempinho para te paparicar.

beijos amiga querida