domingo, 19 de abril de 2009

O silêncio da Inocente

Tenho pavor de ficar indelimitada.
E que eu tenha coragem de resistir à tentação.
Esse esforço que farei agora por deixar subir à tona um sentido, qualquer que seja, esse esforço seria facilitado se eu fingisse escrever para alguém. Porém, receio começar a escrever para ser entendida pelo 'alguém imaginável', receio muito mesmo, começar a fazer um sentido, com a mesma mansa loucura que até ontem era meu modo sadio de caber num sistema.
E se eu me desproteger e ir falando para o nada e para alguém? E correr o risco de ser esmagada pelo acaso. Por essa transformação subita de ignorancia. Fatos.
Por que questiona minha solidão? Por que reclama de eu ficar deitada na rede admirando minha natureza?
Ouço suas indagações: 'Voce deve estar deprimida, levanta dai!
Vê meus olhos sorridentes onde só há silencios?
Não te respondo em palavras, retribuo em silêncio.
Quando fico sozinha não há uma queda, há apenas um grau a menos daquilo que sou para os outros. Isso sempre foi minha naturalidade e minha saúde. E minha espécie de beleza também.
E, é só isso que posso dizer a meu respeito? Ser sincera? Relativamente sou. Não minto para formar verdades falsas. Mas preciso dessa latente em mim e confessar que usei demais as verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir?
Eu poderia dizer a mim mesma o que me linsonjea e fazer o próprio relato da sordidez. Mas, tomo cuidado de não confundir defeitos com a minha chamada 'nobreza' que omito, à minha sordidez que tabém omito.
E quanto mais sincera eu for, mais serei levada a me linsonjear, tanto com as 'ocasionais' nobrezas como sobretudo com a ocasional sordidez. E a mesquinhez? Essa Eu omito. A sinceridade não me faz vanglorizar a mesquinhez.
E não só por falta do autoperdão, Eu me perdoo a tudo o que for grave e maior em mim. A mesquinhez eu também omito porque a confissão me é muitas vezes uma vaidade, mesmo a confissão penosa.
Me ouça agora. Não estou : Você está muito para baixo, você parece num silêncio abismal Julie.
Eu fico em silêncio para saber não quem sou, mas entre quais eu sou. Se eu perder esse mundo, sei que não tenho capacidade para outro. Homem nenhum provou que "lá" tenha natureza.
QUAIS DELAS ??????

4 comentários:

Adao Braga disse...

"Sempre que vou matar alguém, olho nos olhos deste alguém. Os olhos nunca mentem"Nicolas Cage, no personagem do último filme que vi com ele.

Anônimo disse...

Queria conhecer voce e chorar junto com voce, garota.

Beth disse...

"Eu queria tanto estar no escuro no meu quarto, a meia-noite, a meia luz..."

Normalmente sou quieta, silenciosa...sempre fui!!! As vezes, estou demais fechada. Mas sou assim...e me deixem ser assim quando quero estar assim!! Nada pessoal, apenas faz parte de mim.

Bjs

Jack Serafim disse...

"Eu fico em silêncio para saber não quem sou, mas entre quais eu sou." Você é uma estrela Julie. Sua eloquência não precisa ser provada pelas palavras, pois o brilho de sua existência já constrange e motiva.
Grande abraço, a você que escolheu em seletas poeiras um transporte e no vento um caminho.