quinta-feira, 29 de julho de 2010

A cor e o cheiro

Eu odeio o silencio da sala de espera. Aquele rosto cansado da recepcionista, o atendimento mecanizado. Não há amor humano, há sim, um fomento humano. Que busca o óbvio, e eu odeio o óbvio também. Gosto das cores alegres, dos sorrisos verdadeiros, mesmo aqueles que me sorriem sem mostrar seus dentes, gosto do cheiro das pessoas. Outro dia, um motoboy veio em casa fazer uma entrega, pedi que ele entrasse, o rapaz estava com cheiro de cachorro molhado (estava chovendo) e senti seu cheiro forte (fedor é pior) cheiro...Aquele cheiro me encantou, não era tao agradável, mas vinha do sangue, vinha da decência, da humildade, vinha sobretudo por algum amor. Esse despertador de almas chega a ser um objeto abjeto. Não ligo para quem me acha louca em gostar do contrário. Eu só fico triste...porque são burros e feios...e não morrem nunca.
Eu sigo adiante. Misturo-me a todos os cheiros. Acho todos uns amores. E na minha cara, tem um vasto sorriso pintado de vermelhão com azul, as cores elementares, não esquecer do verde também.
Hoje, eu acordei pensando numa pedra que não a quis trazer de Nazca. Estava solta, sozinha, quem repara nela? Só eu... E desse outro lado da linha divisória do mapa, te mando meu pensamento pedra. Porque sei que você esta viva. E o que dizer rio? Deram-lhe o nome de Punchiuawa. Por que? Rio não tem nome, ele sempre esta a passar, suas águas sempre são outras, não para nunca. É o único caminhante que não pára nunca! Mesmo assim, tens nome. Eu daria nome ao lugar...Quero morrer na selva de um país distante, não quero a minha selva de todo dia. Quero morrer sozinha, como um bicho.
Mas antes de me deixar, quero viajar de moto, sozinha, e dançar sobre minha cova.E que la, tenha um espelho onde meus cabelos saibam que já estiveram vivos, sendo cheirados por tantos, e tantos outros amores se encantaram por eles e nunca os foram amados. E serei eternamente onde estiveis um arqueólogo descobrindo uma cidade morta.

3 comentários:

Adao Braga disse...

Numa sala de espera de uma clinica qualquer, todos e todas estão ali esperando ser atendidos por algum problema. No entanto, sentam-se e olham, nós outros como se fossemos inferiores.

Estamos na mesma sala, esperando, talvez, o mesmo médico.

Isto me incomoda! Estarmos iguais, no entanto outros nos olham diferente.

Anônimo disse...

morte é uma palavra feia... mas qual é o destino final de nossa vida?? Fechar o círculo?? Viemos da terra e a ela retornamos... mas se existe realmente outras dimensões espaciais... cada momento pode ser eterno... será essa a dimensão dos amantes??

Beth disse...

Oi Jullie!!!
Eu não estou nem ai para salas de espera, elas são inevitáveis e aproveito para exercer aquilo que Deus não me deu: a paciência.

No mais...deixa a vida me levar em sua plenitude. De moto, de carro, de busão, a pé...tanto faz...o importante é viver!!!

beijos no coração !!!