domingo, 13 de março de 2011

A velha da nova mudança

Exatamente agora minha vida vai ser literalmente "dês-encaixotada e dês-etiquetada".
E os pensamentos foram bem mais longes do que os 800km que me separam do que eu queria.
O que me deixa confortavelmente filantropica é que acontecerá o balanço domestico e, com isso, tirarei muitos pontos de interrogação da cabeça. Primeiro que não é possível as crianças brincarem com tantas coisas. Bolas, bichinhos de plásticos, pelúcia, jogos, quebra cabeças, cartas de jogos exiladas de seus pares...aff...e na cozinha? Dá pra montar outra cozinha...
Será que meus filhos imaginam que assim como os próprios brinquedos os recursos do mundo são incontáveis, infinitos, estao muito alem da nossa capacidade de usufruir?
Como evitar que as coisas que compramos e ganhamos de presentes se transformam em pilhas de traças?
Ontem, assistindo ao Caldeirão do Huck, vi o quanto as "japonesas" não valorizaram o que ganharam no "Lar Doce Lar". Vi o quanto o ser humano não valoriza a natureza e no caso das "japonesas"a sua natureza terrena.
Fiquei me indagando que só aqui em casa são nove aniversários por ano, na sequência de um mês e meio o máximo o espaço de cada um. E o que fazer no final de cada festa de aniversário, quando cada um deles tem dezenas de pacotes de presentes pra abrir? Mandar metade dos pacotes para uma casa de caridade sem dar bola para o protesto do aniversariante? Fazer doaçao de brinquedos velhos e ficar só com os novos?
Mas qual criança, pobre ou rica, merece receber de presente boneca desgrenhada ou riscada, carrinho  faltando uma roda? A saída seria limpar um a um e mandar para o conserto antes de doar? E onde arranjo tempo pra isso?
E jogar tudo isso no lixo, o que faço com minha consciencia?
Não posso esconder de mim mesma o fato de milhões de crianças nesse mundo nunca tiveram um brinquedo sequer.
Por tudo isso, a comemoração dos próximos aniversariantes aqui de casa vai ser tomar um picolé e brincar de cabra cega na pracinha do condomínio. E tenho certeza que vamos nos divertir muito.
Meus filhos são uns anjos, de vez outra uns demonios, mas os amo tanto e quero que perpetue suas consciências para um mundo menos banal, beeemmm menos capitalista e cheio de mazelas pormenores.
E os detalhes de cada acontecimento que viveram com o muito, vão se apagando aos poucos e sobram na mente  cenas cada vez mais esfumaçadas, parecidas com sonhos.
Penso que já os rastros materiais das experiências infantis são duros, pesados, volumosos e numerosos.
Darei então uma forma mais leve de encarar essa vida, que louca, paira no desespero de sempre ter mais.
Teremos ainda menos para que o mais seja a esperança, seja o essencial e nada alem do necessário.
Adorando a nova morada e a nova cidade.
Mas confessável a saudade das quinquilharias que me iludia...mais passa...É a nova mudança.

3 comentários:

Anônimo disse...

Onde irão ou onde iremos parar? Aqui, quanto mais tem, mais querem.
Tem um PC! Querem trocar por outro mais potente!
Tem video-game! Querem o XBOX! Tem TV. Querem SKY. Tem bicicleta. Querem uma mais nova! Tem briquedos! Querem mais novos.

É sempre assim! E, quando é que aprenderão a estarem saciados? Quando aprenderão, que há prazer no contentar-se?

Um cheiro carinhoso!
Eu

Fatima disse...

Querida, sempre apostei no amor...Tenho a crença de que quando olhamos o mundo através dele, as coisas vão se arrumando...ama-se e dá-se tempo ao tempo...
Sempre te lendo...também.
Bjinhos

Antonio Félix disse...

Muito legal o seu blog. Gostei mesmo. Parabéns!!!Tornei-me agora um seguidor seu. Sou um poeta desconhecido da cidade de União, estado do Piauí. Convido-te a visitar o meu blog "Olhos da Mente" e tornar-te uma seguidora. O endereço é: http://historiadeuniaopi.blogspot.com/