sexta-feira, 13 de maio de 2011

Terra, um dia comerás meus olhos

Eu sempre fui uma mulher por trás de uma janela de vidro.
Dei transparencia para que você me penetrasse, no entanto, você só admirou.
Nesse vidro translúcido, me pinto árvore e me sinto uma "quaresmeira" considerada a segunda árvore mais linda do mundo. 
Do reflexo desse vidro, na esquadrilha de madeira, tenho os elementos em sintonia, cuja morte odeia as curvas, ela é reta, não tem cor, de um mau gosto tocante. E um cachorro anônimo, sem saúde resolve nos seguir.
Ditando este momento com alegria pois, acena com seu rabo um sinal de imortal felicidade. Te esnoba, morte, te irrita e, manda. Manda no momento, no momento mais improprio do teu agir. E você morte, é impotente também.
E o vento que vinha de súbito mexia no teu cabelo, mas  a sensação desse prazer não é possível pra você morte. Com seu espanto e imobilidade perante a alegria de um cachorro.
Tem morte para seres inferiores à racionalidade humana? 
Quem é a morte dos animais?
A mesma que nos segue em reta?
Não, não...Tenho certeza que ela tem cor. O colorido se refugia nas cores da minha infância. E a vida é bem curta mesmo, desde a primeira vez que me assassinaram, a linha da minha boca tornou-se reta. Reta lembra o caminho da morte, e a ultima vez que a vi ela estava na porta da cozinha de casa, num sábado, usando a cobra de 60cm para me abater.
Porem, eu a esnobei mais uma vez e pedi que fosse a morte da natureza, não a morte da reta. Aquela que na natureza dá a real nobreza somente aos cavalos que ao morrerem, permanecem com sua nobreza da beleza.
Cachorros, gatos, ratos, baratas, todos morrem sem a beleza. Partem em prol da feiura, suas formas, suas curvas dão espaço para a morte inventada pelos humanos. E os olhos de clemencia, clama por piedade, para que seus restos sejam sepultados com no mínimo da dignidade. No asfalto são tão ignorados que, ao contato de piedade humana, soa loucura, parar o carro, te segurar com uma sacola e te encostar na terra entre gramas e matos do acostamento.
Sou taxada (grandes imbecis) como louca. E os mesmos, não percebem que a loucura real não sou eu, e sim a Morte. Que ceifa com feiura e impiedade. Holocausto.
Quando eu for, verdadeiramente uma poeira ou uma folha levada, jogada em qualquer direçao, serei o nada, que vocês negam que jamais serão.
E talvez meu repouso.Ou não...

voo 447- ainda estão flutuando, protegidos dos mais de 3 bilhoes que vivem sob a terra. Para que não coma seus olhos. Mas os humanos são in-dessistíveis...Uma hora te resgatam e fazem a festa para os 3 bilhoes que te esperam, ainda lá, escada  a baixo.


2 comentários:

Anônimo disse...

"Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.

Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?" (Eclesiastes 3.20-21

POEIRAS AO VENTO disse...

Que lindo!

Dizem que as crianças vao aos ceus diretamente, sem passaporte.

Isso que me consola.