terça-feira, 19 de julho de 2011

Desvaneios de uma INS-PIRADA

Ganhei a Bíblia Sagrada, o livro mais vendido no mundo. E ao demonstrar o carinho pelo recebido, abri na pagina de Jó 10; " Minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei da amargura da minha alma.
Nunca gostei de comentar a respeito das escrituras, sempre me mantive distante destes discursos religiosos, no máximo, o aprendizado vindo através do blogueiro e amigo Adão Braga (o Daozin) e do Jesus Apócrifo que me deixam intrigada sempre que remetem frases a mim. Enfim, minha opinião é que em pouco menos de 20 anos teremos uma NOVA SOCIEDADE, a sociedade das intituiçoes religiosas, que compensam a nós pobres mortais a dignidade e esperança que nos são roubados pelos mesmo que se comprometem a dar-nos,  o Governo. Rousseau descreveu bem essa normalidade na frase: Todo Homem nasce livre e muda essa condição. Transfere essa totalidade de seus direitos naturais ao Estado, com a finalidade de desenvolvê-los transformado-os em direitos civis, garanti-los e protege-los pelas leis de acordo com seus pactos sociais ".
Meus temores íntimos me recuam da realidade que em pouco tempo posso transformar na única realidade permitida, sinto medo, medo de perder minha lucidez. E por ironia, criar mais uma estatística da nova sociedade. Não a admiro na concessão social, mas na moral e fraternidade, não a nego.
Bem na hora que deveríamos nos sentir livres, o instrumento da riqueza, se torna o de castigo.
A pouco tempo estive no cemitério fazendo umas fotos e vi um enterro acontecendo, parei e fiquei a observar, entraram crianças alegres, iam alegres sem entender o resumo do segundo seguinte, como quem não pisa memorias nem saudades. Como se as imagens sepulcrais fossem bonecas de pedras. Não é a tristeza do lugar, mas a tristeza que é deixada lá, na entrega do ultimo adeus. Com flores mofinas, que de longe percebemos que não tem vida. 
Outro dia, me foi perguntado qual seria meu projeto arquitetonico para a defesa da monografia: UM CEMITÉRIO! - Respondi...Ouvi risos, testas franzidas, preconceitos impronunciaveis, os olhares passeando desde meus pés ao nível do meu olhar. Um conceito de rejeição corporal me percorreu o corpo e a mente. 
-CEMITÉRIO? 
-Vai colocar uma cama box ou criar um caixão mais estilizado?
-Nenhum dos dois...Vou criar alegria para receber a tristeza dos que apenas a abandonam por la...Transformar o gosto que se transformou em pena. Aquele que se labutou a vida inteira por este país e que abandonado pelo mesmo pais com seu sistema miserável de saúde falido,onde já nasceu falido, o emprestou um dormir em sete palmos de uma sepultura perpétua. E, que a família esteja sempre na peregrinação do local, podendo correr o risco de enterrar outros mortos por cima dele. Esqueceu que a Prefeitura apenas o emprestou?
E novamente, começo a ter medo, nao o medo de estar com um cano de revolver apontado para minha tempora esquerda, nem de estar numa corda de rapel com uma alma estourando, ou ver minha filhinha na beira do penhasco saltitando de emoçao ao ver o mar, é um medo difuso, sombrio, um abismo disfarçado, com uma placa luminosa escrito alienaçao.

2 comentários:

Anônimo disse...

CARALHO!PQP, QUE VIAGEM! FIQUEI CONFUSO, MUITO BOM SEU TEXTO.
PARABENS GAROTA INS-PIRADA

Adao Braga disse...

Querida, cemitério tem origem no grego. É um substantivo masculino: koimetérion = dormitório

Linda também é a história de Tanatós, o deus grego da morte. Conheça a história para se deliciar. A morte é uma benção não uma maldição! O cemitério é só um dormitório. Se é dormitório, é também temporário! Não é?