quarta-feira, 10 de agosto de 2011

No meu aniversário.

Cansei de esperar que alguém entenda minha alma. Que consigam evoluir com a superconsciencia humana no campo de entendimentos intelectivos a sofrer constantes desvios. Que essa superconsciencia transcenda a barreiras do entendimento, as percepções que o consciente não consegue registrar e traduzir com as reais e autenticas medidas. E por isso, estou sempre sendo reprimida por outrem e ate mesmo pela família. Ou seja, para mim, a família é minha autentica universidade, ou saímos dela diplomados  com mestrado e PhD concluídos, prontos para as conquistas pessoais, ou delas nos retiramos precipitadamente, interrompendo o curso da esperança. Não compreendo, pois, entender é supérfluo demais pra mim. 
Era meu aniversário, estamos reunidos em uma mesa longa, bem produzida, num restaurante chic da cidade. Foi agradável a comemoração, éramos nove pessoas. Ao final, as crianças apreciavam as brincadeiras do playground e, a família conversávamos. A garçonete chegou para retirar a mesa, e uma ideia despontou internamente, fiz a pergunta para a garçonete: "Vocês tem algum programa social para essas latinhas de refrigerante?

(TÍNHAMOS CONSUMIDO 17 LATINHAS DE REFRIGERANTE)

-Há senhora, o dono daqui vende tudo, não dá nada pra ninguém, esse Libanês é ó...(fez o gesto de punho fechado)
Eu só trabalho aqui porque não estudei e estou a dois anos aqui, tentando ganhar as contas mas a fama dele é que não dá a conta a ninguém para não pagar o valor da multa. E...blá,blá,blá...

Respondi: Peça ao gerente para vir aqui, por gentileza.

Nesse momento, todos à mesa me olharam com repressão, esperando alguma reaçao das muitas inspirativas que tenho. Minha filha disse: Mãe, pelo amor de Deus, aqui é um restaurante chic, não vá discutir com o gerente por causa disso...

Houve nesse instante o encontro da vontade-apelo com a vontade-resposta.

-Veio o gerente:"Pois não senhora,boa noite!

Perguntei: Senhor, o que vocês fazem com as latinhas de refrigerantes vazias?
-O proprietario vende essas latinhas senhora.

-Ah, então vocês não doam, não tem nenhum apelo social? - EU

-Não,não...São todas vendidas para o mercado de sucatas - Disse ele.

-Então, por favor, as que consumimos, quero que coloque em uma sacola que irei levar.
Ele - É, que senhora...

Sr. gerente, elas me pertence, paguei por elas...

E todos à mesa, ficaram estarrecidos com meu ato. Envergonhados...tímidos...

Tudo porque estavam em um restaurante chic, com alguns milhonarios da cidade.

Fico mais triste porque são meus parentes, são pessoas que amo. E que não compartilham da minha alma...
Eu não estava fazendo aquilo por um estranho ou desconhecido, mas por meus filhos, pelo meu marido, pela minha mãe, enfim. Não foi nada fácil, mas acabei vencendo as  resistências intimas, porque achei que o episódio continha uma lição útil para todos nós, inclusive para o gerente e dono daquele lugar.

Foi naquele dia, no meu aniversário, que tive a exata noção da responsabilidade pessoal por tudo quanto fazemos. Mas, cá entre nós, era melhor ter deixado o caso arquivo na minha memoria? Ou melhor nunca te-lo mencionado? Ao passo que penso, as pessoas estão mecanizadas, alienadas aos métodos.

O que custa essa empresa doar as latinhas? Por que tanto lucro? Se já haviam tido o lucro da noite nas minhas despesas?
Ser não fosse ser indiscreta com meus familiares, poderia escrever uma novelinha de muitos capítulos narrando as diversas historias que, juntos, vivemos no passado, em diferentes existências e contextos. Não sei, contudo, se aqueles que me cercam e a mim se ligam por laços de afeição, parentesco ou profissionais, teriam sido igualmente preparados para absorver certos impactos suscetiveis de criar conflitos íntimos, e entende-los. Não compreende-los. Ainda assim, a palavra final foi de mamãe, já dentro do carro:

- Minha filha (falando à neta) - Sua mãe sempre foi maluquinha.



4 comentários:

Adao Braga disse...

Nem demorou para vir para o blog! Eu já sabia, mas, ler e ficar registrado em texto e referência também foi muito bom.

Já conversamos, numa destas raras oportunidade por MSN, e você continua sintonizada com o campo mórfico universal e da coletividade!

Fátima Camargo Alegretti disse...

Julie,
Muitas vezes, o que nos dói e assusta é pensarmos que somos os únicos a ver e sentir determinadas coisas...se te serve de alento, eu, não sendo maluquinha hehe quando posso levo as latinhas para doar( metáfora!!)...
Te amo querida amiga e tenha certeza que a tua luta, a tua busca, o teu inconformismo, povoa a mente de muitos seres...graças a Deus!!!!
Fatima

Carlos Grassioli disse...

Pois é Julie e nessas, de família, você acabou "ganhando" um pedaço da nossa. Tio e sobrinha, dose dupla hein? Quanto as latinhas e a "maluquinha". Não fosses assim, não serias poeta e não estaríamos trocando figurinhas.Eu já juntei, arrastei...e até fumei da latinha.
Mandei uns escritos meus, para teu email. Se estiveres a fim, dê uma espiada.
Abraço
Carlos o tio da Fátima

Anônimo disse...

Muito bacana, ate surge como ideia, deviamos todos fazer assim. Eu, se voce me permitir irei adotar sua ideia e melhorar esse mundo:) Valeu!