segunda-feira, 29 de junho de 2009

Achei minha descrição

"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." (Arthur Schopenhauer)

Em resposta ao 'amigo' FERNANDO, que me chamou de lady doida vira-lata, ou como sempre, Orfanato dos gatos da Julie...

domingo, 28 de junho de 2009

Eu não quis dizer, foi segredo

Um dia desses tive um ódio muito forte, coisa que eu nunca me permiti: era mais uma necessidade de ódio. Me dirigi ao jardim de casa e fiquei olhando alguns bichos: formigas, pássaros, minha cadela e ate mesmo uma lacraia apareceu.
Oras, logo eu que sou resignada a amar, perdoar. Precisei ao menos tocar o ódio de que é feito meu perdão.
Queria sentir em cheiro meu próprio ódio, mas...Existe cheiro no ódio? Existe ódio e cheiro?
E o ritmo de vida é o mesmo, os dias são diferentes, as cores e céus diferentes. Ainda bem, não sou normal nem igual.
De que serve essa explicação, afinal?
Como quem quer, como quem não quer, aceita, recusa, mas aceita. Justificando também, que há a 'hora do lixo', e que este, é um mundo cão.

A dor é desigual e, realmente fica um instante suspensa, tão doces são as cores, tão sem selvageria, tão belo é o lugar com mar, arvores, montanha.
Há coisas bonitas em excesso, eu parece que não tenho tempo ou força, o fato é que eu ficaria calma com uma. Calma no Timburaso (2 maior vulcão ativo no Ecuador)...Minha proxima conquista.



sexta-feira, 19 de junho de 2009

Encarnação involuntária

Estou indo (se algo não der errado antes) para fazer a trilha dos Incas durante sete dias, caminhando, subindo e descendo. Isso é o o que me deixa feliz, e a sensação do antes me deixa também.
Estávamos amadurecendo a ideia de ir de carro com um grupinho de amigos e foi ai que começou o bate-boca do casal: Eu não vou se antes você não for comigo à Europa!!

-Eu não vou em porra nenhuma de Europa, eu vou com ela para o Peru!

-Epa! Comigo não, com todos nós - Me defendi logo.

A situação continuou, mudou o foco do objetivo e se perdeu pelas roupas sujas...

Ok, por que escrevo isso?

É tão complicado de eu entender o por quê é tão, tão difícil ter amizades masculinas sem que aja ciumes por parte das companheiras.

Eles se fitavam profundamente. E mais um instante e o sonho seria suspenso, cedendo à gravidade que se pediam.
Mas, peraí. Esse sonho também é meu! Cessa à vocês, eu irei (se algo não der errado antes).

Ela com sua infância impossível, o centro da imaturidade e mimo. Que se quebraria somente quando ela fosse uma mulher.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estavam eles, ambos se olhavam, irados.

Todos os problemas ja haviam sidos tocados, todas as possibilidades estudadas. E minha solidão na volta para casa era grande e árida. Cheguei em casa e fui ler para não me lembrar deles.

No fundo, você cria uma expectativa em torno de um projeto e se vê perdendo para os sentimentos mais primitivos do homem. Ciúmes de algo que não existe na minha ideia, nem na dele. Aquele sentimento que "ela" não assume, mas arruma um pretexto para dificultar e ocultar o próprio sentimento de sua imaturidade.

Bem, o mais que podíamos fazer era o que fazíamos: saber que éramos amigos.
O que não basta para encher os dias, nem as ferias futuras.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Você meio doida?


Acho engraçado as pessoas que dizem: Julie, você é louca! Algumas, como minha filha primogénita, eu acato e silencio por se tratar de uma adolescente. Os demais "não podem negar desconhecimento da lei".
Sou espontânea e alegre. Incomodo alguns que somente vive, não existe- Plutarco. O defeito não foi meu, foi de quem me entregava livros para ler e me instruir, lamentável pois, odeio ascender a inveja em outrem.
Estava lendo a Barsa, procurando um tema para meu filho e fiquei lendo a história de Dale Carnegie, o decano papa da auto-ajuda: "Qualquer louco pode criticar, condenar e reclamar, e a maioria dos loucos o faz." A pergunta é: Compensa fazer isso? Provavelmente não!
Porém, ate para criticar, condenar e reclamar, deve-se ser comedido e sábio. Vou deixar umas dicas:

Critica: Tem de ser construtiva, focalizar o comportamento e não a pessoa; deve ser feita em particular, com palavras suaves e respeito à sensibilidade do outro, verdadeira e bem- intencionada.

Condenação: Deve enfocar o comportamento não ético da pessoa, dar oportunidade de defesa, oferecer saída para a pessoa redimir-se.

Reclamar: Sobre os tópicos certos, quando houver realmente um motivo, com a pessoa certa e com o tom certo, feitas com suavidades e sem culpa.

E quem tiver esses cuidados vai parecer doido. Porque a maioria, chora, grita e o problema não se extingui.

E por eu agir assim, sou louca? Meio doida ou maluca?

Eu preciso apenas de um pouco de atenção, uma calmaria para que os ventos soprem e tudo tenha uma suavidade como a brisa do vento esfriando o rosto numa tarde ensolarada.

E você?



quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ainda dissem que não são civilizados...

Antigamente, o abrigo da Funai ficava próximo da minha antiga casa. Não sei se ainda é lá, enfim, deixarei aqui um exemplo de analogia que ouvi, aprendi e me motiva cada vez mais a compreender e não somente entender o "outro". Estive de volta à cena de 4 anos atrás...

Quando trabalhava no Governo participei da comitiva que recepcionou um grupo de indígenas da região. Achava aquele povo vestido e pintado muito estranho. Uns pegavam em meu cabelo e riam, outros puxavam a alça do meu minúsculo soutien, outro enfiou o dedo no meu nariz, espirrei pacas e eles só riam de mim.

A comitiva os levou em alguns pontos turístico daqui, primeiro foi no mercado Municipal onde tem comida pra todo lado. Eles estavam pasmos com tanto alface, tomate, laranja. Lembro dos olhos deles latentes em minha memoria, olhavam como se fossemos nós entrando num cofre cheio de dinheiro, assustados com tanta fartura.
Um deles perguntou de mim: O que ele está fazendo?
-Apontando ao chão um menino negro, pobre (nós sabíamos pelas roupas que era pobre, eles não saberiam distinguir) pegando tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho.
Para nós, isso seria normal. Respondi a ele: -, ele está pegando comida!

Eles continuaram andando conosco, calados, atentos, os olhos arregalados.
E eu, prestando muita atenção naqueles seres estranhos*
Uns 15 minutos se passaram...O índio disse: Eu não entendi. Por que ele está pegando essa comida estraga aqui do chão, e se tem uma pilha de comida boa?
Respondi: é que para pegar comida boa precisa de dinheiro.
-E ele não tem dinheiro?
-Não tem.
-Por que não tem dinheiro?
-Ele não tem dinheiro porque ele é criança.
-E o Pai dele tem?
-Não, o Pai dele não tem.
-Não entendi. Por que você que é grande, tem e o Pai dele, que é grande, não tem? De qual pilha você come, dessa aqui ou a do chão?
-Dessa aqui.
-Por que?
-Sabe o que é? É que aqui é assim...

Os caciques falaram uma coisa que eu nunca esquecerei: Vamos embora. Disse o cacique.
Não, eles pediram foi para ir embora da cidade, do mercado, da vida junto do branco. Veja como são selvagens.
Eles não conseguiram compreender uma coisa tão óbvia. Que uma criança faminta diante de uma pilha de comida boa, pega comida podre.
"Eles não são civilizados"-diríamos

Sabe como eles passariam batido e nem repararia na cena?

Se tivessem sido criados em algumas das nossas famílias, se tivessem ido em igrejas, frequentado algumas das escolas que frequentei, se tivessem acesso a net. Ai eles achariam aquela cena normal.
O que está acontecendo? Será que nos distraimos em algum momento e a nossa ética não é a da convivência, mas a do outro como inimigo? "Ah, mas aqui é assim." Violência? Aqui é assim. Eu já fui assaltada e agora tenho duas bolsas, a minha e a do ladrão. A minha fica embaixo do banco. Eu uso carro blindado, etc...Claro, a gente vai criando meios de nos acostumarmos ao "normal. Normal? Estamos anestesiados.

Ah Deus, como queria ter vindo árvore.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Como uma pedra

Um amigo visitou minha casa no domingo e perguntou: "Tem algum motivo especial para você ter tantas pedras em casa?

-Bem, essa última é do Cotopaxi, o maior vulcão ativo no mundo, trouxe na semana santa do ecuador, tive problemas na alfandega internacional mas a trouxe comigo. Paguei caro por ela em Guaiaquil, mas sentido teve para estar aqui. Sei que não estou conseguindo explicar minha ternura por elas. Sei que a letra dessa musica me revelaria.
Um corpo sem vida é uma pedra. E eu, preciso delas para me sentir Viva.


Em uma tarde monótona*
Em uma quarto cheio de vazio
De maneira livre eu confesso
Que estava perdido nas páginas de um livro cheio de morte
Lendo como morreremos sozinhos
E se somos bons nos deitaremos para descansar em qualquer lugar que queiramos ir
Em sua casa ficarei longamente
Quarto por quarto pacientemente
Vou esperar por você lá como uma pedra
Vou esperar por você lá Sozinha
Em meu leito de morte eu vou rezar aos deuses e aos anjos como um pagão para qualquer um que me levará para o paraíso para um lugar do qual me lembro
Eu estive lá há tanto tempo. O céu estava arroxeado. O vinho era como sangue
E lá você me conduziu
E eu continuei lendo até que o dia tivesse terminado. E me sentei em remorso por todas as coisas que fiz, por todas que abençoei, e por todas que errei.
Em sonhos até minha morte vou vagar

* A tradução correta de "cobweb" é "teia de aranha"; mas por questão de interpretação traduzi este termo como "monótona".