sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fui o pincel de alguns quadros

Depois de achar que compensa botar dois pés entusiasmado no chão, depois de ter dormido mal demais, sonhado coisas estranhissimas...Imagina, que alguém pintava quadros de paisagem sendo minhas pernas os pincéis...O que você acha disso? E eu permitia, como se meus dedos fosses as cerdas e lambuzados de cores percorriam as telas...Eu estava segurada pelo tronco, e era uma mulher que me segurava, era uma senhora que não via seu rosto. E eu sentia aquela mansa alegria de colorir algo. Não sei explicar. Às 3 e pouquinho da manha me restou a canseira e aflição de espírito. Eu sentia algo no quarto, eu sentia algo nas pernas. Não tive medo, esperei por algo diferente aparecendo entre as luzes azul e vermelha refletidas no espelho do armário, vindo da sinalização do ar condicionado. Formando um imenso farol, como se estivesse orientando o navio o seu percurso.
Às pressas, busquei consolo exíguo encostado a uma parede lateral da cama, um terço que ganhei a seis anos atrás de uma amiga enferma em Brasília. E por coincidencia o encontrei num baú que não havia aberto ainda na mudança de cidade, o pendurei na parede para no dia seguinte achar um local para guarda-lo que me reine a alegria de pensar na Bené - a amiga.
Rezei o Pai nosso, e a sensação mental que o que quer que estivesse ali, não mais senti sua presença. E sei que no meu vazio literal, ela estava carregando uma cesta de violetas. Recebi, imperturbavel, aquela chuva de violeta. E o mais incrível, o cheiro que se encontrava no quarto. E desta vez, eu tinha uma testemunha. Que disse: E que cheiro é esse? - Não sei.
Não é culpa minha se nesse recinto só eu tenho feitiços capazes de hipnotizar um homem. Enfim, não se deve especular demais sobre a sensatez das mulheres. Resolvi levantar, pedi um copo d`agua,fui atendida e sem demonstrar perturbação nenhuma, respirei profundamente para sentir o cheiro das violetas que como num regulador de luz, os chamados Dimmer, estava se esvairindo do ar. Surgindo assim, o enterro de alguma paixão.
Não, não sou louca, isso realmente aconteceu e tenho mais uma testemunha. Minhas olheiras que provam o quanto me sustentaram para uma noite mal dormida. Eu, para com os mais intimos, preferindo o silencio, não mencionei o incidente.


2 comentários:

Anônimo disse...

Já tive vários assim! Não sei como você se sentiu, mas, eu sei como me sentir. Angustiante mesmo!

Beijos!

Kaio e Katia voltam amanhã de SSA. É a segunda revisão pós auta-medica. Estamos eufóricos e tensos!

Bom Sábado!

Fátima Camargo Alegretti disse...

Minha vida é um estranho mar revolto de lucidez...
Por pequenos momentos, entre uma onda e outra, me permito criar asas nos pés!
Preciso ser rápida e precisa para poder continuar a viver!
bjinhos querida
Fatima