sábado, 15 de outubro de 2011

Paredes decoradas


Eu tenho vários defeitos, mas tenho um que me prejudica, a grande impaciência para certas coisas. Quando estou no outro blog, falar de problemas sociais me ativa a ira porque eu os vivo intensamente.Quando criança me afligia cenas de ter mais que meus colegas. Eu fazia as perguntas, mas não obtia as respostas, eram somente: Porque é assim...Aquela casa branca e bonita, jardim impecável, do outro lado da rua, uma casa de madeira, meia torta para o lado, a cor verde desbotada, em algumas partes a madeira crua deletando o seu estado natural. Tinha um valo longiguo onde corria as águas sujas amareladas. Era assim no Brasil dos anos 80. Não lembro dos lixos aproveitando a agua da tempestade para encontrar o rio, não tinha pet a céu aberto. As garrafas eram de vidro e já existia a coleta para reciclagem. Elas valiam dinheiro. Meu avô tinha muitas garrafas guardadas, era um cartel na época. Meus amigos eram de todas as classes sociais e todos se entendiam sem segregação. Nossas roupas eu nem as notava se eram de grifes, realmente não lembro do fato de comparar marcas e quem tinha o quê. Eu senti menos preconceitos na infância que hoje na vida adulta.
Meus amigos hoje me rotulam de "doida", "maluca" só porque tenho a coragem de NÃO ser IGUAL, não seguir a linha ALHEIA. Estes mesmos amigos SUPER SENSATOS, ditos NORMAIS, decidiram seguir o caminho das gentes MAQUIADAS com cara de nada. Sem expressão alguma. Se dou um bom e sonoro bom dia a todos no salão do hotel, no café da manha: Sou doida. Se abraço alguém que nunca vi, sou doida.
Se faço um vídeo para colocar no You tube onde reclamo da sensata politica, mesmo o amigo concordando com minhas baboseira, ele mostra o vídeo e compactua com outro amigo, a condição de me rotular "doida", por ter a CORAGEM de expressar minha opinião.
Se convido um amigo para viajar e esse mesmo me avisa da sua "DURISSE" e me comprometo a banca-lo sem ter de me devolver o dinheiro. Já pensam logo que estou querendo "dar" pro cara. Ninguém valoriza mais a importância da presença e carinho de uma amizade. O fodha é a luta que sou obrigada a travar para obter o que simplesmente considero normal.
Nem tudo que escrevo vai resultar em uma realização, mas torna-se uma tentativa intima de colocar pra fora esses pensamentos que me entristece e enaltece ao mesmo tempo, porque sei que eu to crescendo espiritualmente e dessa forma, deixando de querer que esse sentimento seja obrigatório em mim, no final, quem perde o sentido da vida, são os SUPER SENSATOS.
Quem não tem, não dá. O amor do século XXI  é uma canção sem palavra. Ando muito deprimida, o que é comum. Porque minha juventude dos 15 anos falhou em tentar desatar o nó da ditadura e conseguir fazer um país melhor, principalmente no quesito sentimento ao próximo. Hoje é cada um competindo com o elo de sangue mais próximo. É o nosso mundo, o mundo que acolhe a Julie. Mas eu peço que deixe eu manter uma sintonia dolorosa daqueles que percebem algum mundo, não apenas este.
Se um conhecido esta doente e, descubro seu telefone e ligo para oferecer por alguns segundos ou minutos uma palavra de conforto, carinho...To afim de dar pro cara, to afim do cara. O respeito pela minha condição de casada vai por agua abaixo, não se leva mais em consideração o respeito.
Tenho pena dessa gente que se sente imortal, sem ao menos saber que seus prazeres mais ingenuos e mais animais também morrem. Queria muito que todos os humanos redescobrissem a sensação que estão sob, a descobrir a terra.
Poha, se eu fizer o sacrifício de viver apenas minha vida e esquece-los? Ninguém acreditaria no mal secreto que rói casa tão tranquila.

Faço apenas um pedido. PAREM de usar o nome do AMOR em vão. Seja na falsa mascara do próprio amor, seja na figura crocri da amizade, seja no fingir do orgasmo e ate mesmo da verdade mentida.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vive-se amarrados. Esta semana em que comemoramos 17 anos de casamos e 18 anos de acasalamento, bem, dei um conselho para uma amiga: as piores amarras e os piores nós, são os morais, os éticos, e os que amarram e prende sua mente.

Carlos Grassioli disse...

Eu não me sinto uma pessoa amarrada, mas me amarro em pessoas que, assim como eu, estão olhando sempre pro lado que ninguém olha. Olhando pelas frestas. Adoro frestear o mundo...como a blogueira que pra mim de doida não tem nada. Nem deprimida. Triste? haa isso sim....
Mas quem mandou nascer poeta?
Tiodanimuspensante

Fátima Camargo Alegretti disse...

"O amor do século xxi é uma canção sem palavra."
Ai minha querida, talvez eu morra afogada na esperança( que já está me parecendo realmente o mal que ficou preso na caixa de Pandora):
Talvez eu me perca totalmente na crença que minha alma alimenta...
Mas, o amor para mim é uma canção com palavras, está em cada canto da minha vida, em cada pedacinho do meu mundo,em cada pensar da minha mente.
Sou assim, me faço assim, quero ser assim!
É a minha escolha...

Anônimo disse...

Eu acredito estar mais deprimida que voce, mais triste e nunca poeta como a pessoa acima citou, mas encontro um cantinho de conforto quando venho aqui, mesmo que concordando com a famigerada tristeza e solidao.