Atônica com o texto.
-Professora, você tem certeza que ela escreveu?
-Claro mãe, a sua filha é uma poetisa! -(Eu não me fiz entender - Ou ela não entendeu)
Lógico que fiquei toda feliz, mas preocupada e pensativa...A relação da representatividade e da referencia em casa é algo que não se pode deixar passar impune.
-Tudo bem, professora, ela pode sim participar do Projeto "Primeiro Voo". (Projeto Salesiano que lançará um livro com poesias dos alunos e, minha filha foi a que recebeu o maior numero de poesias publicadas). Bom demais ne? Se não fosse a percepçao melancolica, 'Sonho de uma criança'...
Eu tenho 8 anos e já sei ler e escrever.
Ganhei o livro de Peter Pan; fiquei feliz e ao mesmo tempo confusa.
Um dia vou crescer. Em meus sonhos de criança nunca crescia, como naquela estória.
E agora penso que será diferente: se a gente crescer, quem vai cuidar de mim quando ficar doente? Quem vai me dar sermão? Quem vai me fazer cafuné? Quem vai me dar carinho?
Mas tem um problema...se eu não superar tudo isso, não vou poder namorar e nem casar!
Parei e pensei que tudo não passava de um sonho. Fiquei pensando em tudo que aquele sonho representou para reflexão na minha vida.
(Monique, 8 anos)
Sei que os filhos criamos para o mundo, para viverem a si próprios suas historias, também sei que não poderei livra-los do sofrimento e da decepção. Estaria eu ocultando o romantismo, a paixão de não dar-lhes uma referencia marcada e massacrada pela sociedade, de uma mulher casada, solteira, divorciada, mãe solteira ou sonhadora?
Prefiro não me fazer entender...