Adoro quando ouço o sotaque da babá da minha filha, maromeno assim:
Fulana cade o papel que deixei aqui? "Ela responde: 'Num seio dona Julie!!!!
Gosto de ouvir, porque soa como humor, e me dá a chance de fazê-la sentir gente. Falo disso porque, quando eu repito a frase, ela se cala e eu complemento:
"Não tem papel nenhum no meus seios!! ...Hahahahahahahahaha...Ela morre de rir!! E eu consigo fazer alguém sorrir.
A Fulana, não teve chance de ir à escola, porque seus pais são retirantes do sertão e vieram parar aqui no norte. Ela, na verdade, só tem ate a 3º serie, porque eu matriculei ela no Acelerado (termo usado no Amazonas para educação de adultos). E, não gosto da utopia de dizerem que a chance existe para todos. Isso soa perfeitamente ignorante dizer.
A chance não existe para todos. O sol, também não. Depende da importância. O que dizer da mulher que ao dar à luz, enterrou vivo seu bebe em MG? O sol não nasce pra todos? Pra esse bebe, foi somente a lua, depois da luz...Mas, sobreviveu, deve pesar agora, uns 12 quilos.
Por isso, a importância das rupturas e das crises geracionais na luta pela hegemonia, assim como para a responsabilidades dos idosos, dos velhos e dos não tão velhos,nessa batalha. É, ler o que se esta escrito errado, ver com olhos de quem ascende a sabedoria não "critical". Encontrar uma linguagem comum através das diferentes idades, que aspiram a transformar o mundo e comunicar entre si, mesmo que soando outras palavras, vivências distintas.
A do amor ao próximo. Talvez essa seja a melhor forma de criar um bloco histórico, como centro de ligação entre os ditosos 'intelectuais e o povo'. Eu suporto sem crises, nem neuras linguísticas as escritas como: Xarme, iogute, champu, buxa p/xuvero e outras cositas mais.
Aí, é quando eu me proponho a ensinar o pouco que sei. Isso é o meu alimento para a alma. Acabo sempre, mostrando a diferença aos meus filhos, a fim de nunca criar a indiferença.
Não é mesmo minhas filhas?
Mas, mamãe, também é bicho e precisa estar no bloco históricos das rupturas!!