A grandeza infernal da vida é bem maior, é indelimitada.
Pois nem meu corpo me delimita! No inferno meu corpo não me delimita, e a isso a chamo de alma!
Viver a vida que não é mais de meu corpo, e a isto chamo de alma impessoal.
E minha alma impessoal me queima! Uma alma que não é minha. Mas, juntos aspiramos uma paz que não pode ser nossa!
E porque minha alma é tão ilimitada que já não é eu, e porque ela esta tão alem de mim - é que sempre sou remota a mim mesma, sou-me inalcançavel como me é inalcançavel o pensamento alheio.
O futuro, ai de mim, me é mais próximo que o instante já.
Eu e meu ventre somos infernalmente livres porque nossa matéria viva, é maior que nós.
Porque minha própria vida é tão pouco cabível dentro de meu corpo, que não consigo usa-la.
Minha vida é mais usada pela terra do que por mim. Toda a parte inatingível da minha alma é que não me pertence - É aquela que toca na minha fronteira com o que já não é eu, e a qual me dou. Toda minha ânsia tem sido esta proximidade inultrapassável e excessivamente próxima.
Estou sendo mais aquilo que em mim não é. Eu é que larguei mão, porque daqui pra frente estou indo sozinha.
Eu sempre tive fome do pouco, fome apenas do menos...
Voltarei magra, faminta e humilde, depois, nossa aparência será a mesma depois da morte.